Na última sexta-feira (5), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou um megaprojeto que visa transformar a Rota Marítima do Norte.
Localizada no eixo central de uma rede logística de alcance global, a hidrovia passa pela costa ártica russa. Trata-se do Corredor de Transporte Transártico.
A inovação logística deve se estender de São Petersburgo até Vladivostok, passando pelos portos de Murmansk e Arkhangelsk. Putin afirmou que o sistema combinará o transporte aquaviário com o ferroviário e o rodoviário, resultando em uma alternativa eficiente, curta, segura e econômica quando comparada às rotas atuais.
Um dos objetivos é também fazer com que as mercadorias que chegam aos portos do Ártico sejam transferidas de maneira integrada para trens e outros meios de transporte. A rede será desenvolvida nas bacias de grandes rios da Sibéria, como Ob, Yenisei e Lena.
Rota do Norte tem papel fundamental no fluxo de mercadorias
A Rota Marítima do Norte é uma via que liga a parte europeia da Rússia ao Extremo Oriente, além de ser a principal via de transporte ligada ao Ártico russo. A rota passa pela costa norte do país através e percorre cerca de 5.600 quilômetros, desde o Estreito de Kara até a baía de Provideniya.
Considerado um eixo fundamental no corredor, a rota registrou um aumento no fluxo de mercadorias de quase 10 vezes na última década, chegando a 38 milhões de toneladas. Até 2030, estima-se que o volume possa bater algo entre 70 e 100 milhões.
No momento, uma frota de navios nucleares quebra-gelos está sendo desenvolvida, além de infraestrutura na região. Considerados pilares do corredor de transporte transártico, novos jazigos de minerais também estão sendo explorados.
Empresas russas e estrangeiras já demonstram interesse
O novo projeto deve impulsionar o comércio interno da Rússia e já chama atenção internacional. Durante um discurso, ocorrido no Fórum Econômico do Leste, em Vladivostok, Putin destacou o entusiasmo de empresas russas que operam no Ártico e de transportadoras estrangeiras que, segundo ele, estão atraídas pela rota que reduz não apenas distâncias, mas também os custos.
Para ilustrar melhor o plano, o Kremlin montou um roteiro com todos os objetivos da construção:
- Aumentar a frota de quebra-gelos, que já é a maior do mundo, com navios de última geração, incluindo os de propulsão nuclear, que apenas a Rússia possui;
- Construir uma sólida frota comercial no Ártico para o transporte nos mares do norte e nas rotas internas das regiões, com navios de apoio e de resgate;
- Criar condições eficazes para o crescimento das empresas nacionais dedicadas ao transporte de contêineres, carvão, cargas a granel e outras. A Rússia também estaria disposta a criar empresas conjuntas com operadores estrangeiros;
- Ampliar a capacidade e o volume de negócios nos polos do norte, incorporando soluções modernas e ecológicas, como tecnologias de automação e sistemas não tripulados;
- Lançar projetos de desenvolvimento das redes ferroviárias do Ártico para viabilizar o acesso direto aos portos do norte para as diversas regiões da Rússia, como Sibéria, Ural e o noroeste da Rússia. A medida aliviaria o tráfego intenso da ferrovia Transiberiana e melhoraria a eficácia do transporte marítimo.
Saiba mais sobre o Fórum Econômico do Leste e quais países participam da edição de 2025 em nosso artigo.