O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu nesta sexta-feira que os Estados respeitem o direito internacional em suas ações contra o tráfico de drogas, em resposta ao ataque dos EUA contra uma embarcação no sul do Caribe.
Em resposta a uma pergunta da imprensa sobre o fato, a porta-voz Ravina Shamdasani lembrou que "as pessoas não devem ser mortas por usar, traficar ou vender drogas" e ressaltou que as forças da ordem só podem usar força letal como último recurso, diante de uma ameaça iminente à vida.
A declaração foi feita após o anúncio do presidente Donald Trump, que afirmou que as Forças Armadas dos Estados Unidos destruíram uma suposta "narcolancha" proveniente da Venezuela com destino aos EUA, incidente no qual, segundo a Casa Branca, morreram 11 pessoas. Por sua vez, as autoridades venezuelanas questionam a veracidade dessa narrativa, apontando o que consideram falhas tanto na forma como Washington sustenta o ataque quanto no próprio material audiovisual.
Shamdasani enfatizou que toda perda de vidas em operações desse tipo deve ser "investigada de forma independente, rápida e transparente", reafirmando que o combate ao narcotráfico não isenta os Estados de cumprir o direito internacional dos direitos humanos.
As declarações da ONU ocorrem em um contexto de aumento das tensões entre Washington e Caracas devido ao envio de tropas militares pelo Pentágono para as águas do sul do Caribe. Enquanto os EUA afirmam que se trata de operações antidrogas, em Caracas denunciam que o verdadeiro objetivo do envio de tropas é uma mudança forçada de governo naquele país. Nesse sentido, nesta sexta-feira, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, dirigiu-se a Trump pedindo seu governo a deixar de buscar "uma mudança violenta de regime" na Venezuela.