Notícias

Menina de 6 anos resgatada de cárcere privado tinha histórico de pornografia no celular

Criança vivia isolada, sem acesso à escola, atendimento médico ou contato com o mundo externo
Menina de 6 anos resgatada de cárcere privado tinha histórico de pornografia no celularGettyimages.ru / Giuda90

Uma menina de seis anos foi resgatada na última sexta-feira (29) de um cárcere privado na casa onde morava com o pai e a mãe, no Jardim Santa Esmeralda, em Sorocaba (SP), informou a imprensa.

A criança estava totalmente isolada, não frequentava escola, não recebia atendimento médico, não tinha contato com o mundo externo e se alimentava apenas com comidas líquidas. Os pais foram presos na última quinta-feira (4) e responderão por cárcere privado.

"Quando nos encontramos com ela, estava muito apática. O cabelo tinha um nó único, como se nunca tivesse sido lavado. Ela estava sem se alimentar e ficou deslumbrada com tudo, com o mundo, como se nunca tivesse saído da casa", relatou a conselheira tutelar Lígia Guerra.

Segundo a conselheira, a menina não sabe falar e apenas emite alguns sons. "Todos os direitos dela foram violados. Ela nunca conviveu com outras crianças."

Pesquisas pornográficas

Durante as averiguações, três celulares foram apreendidos, incluindo o usado pela criança, cujo histórico estava cheio de pesquisas pornográficas

"A menina ficava o dia inteiro no celular. No primeiro contato que tivemos com ela, esse celular foi apreendido. Os conselheiros sempre olham o que a criança está vendo e, nesse caso, viram que havia muitas pesquisas pornográficas no celular dela", declarou Lígia ao portal Metrópoles.

O Instituto Médico-Legal (IML) realizou exame de corpo de delito e descartou abuso sexual. A menina dormia junto dos pais em um colchão no chão e tinha apenas alguns brinquedos, como uma cabaninha rosa, bolinhas e dois jogos. A conselheira relatou que a criança se fascinava com cores e objetos simples e chegou a quebrar o alarme de incêndio vermelho por curiosidade.

A criança foi localizada após denúncia anônima de vizinhos. A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba informou que a genitora "parece não entender a gravidade da situação".

Segundo relatos, a mãe dependia do marido para qualquer comunicação e só podia retornar à casa depois de vender os pães produzidos pelo esposo. Vizinhos disseram que ouviam gritos da criança quando a mãe saía de casa, mas nunca a viam sair. O homem teria recebido os conselheiros aos berros no dia da averiguação, enquanto a mãe negou sofrer violência.

O Conselho Tutelar também informou que a família expandida da mãe não via a menina desde que ela tinha seis meses. Os familiares relataram que a mulher já havia abandonado outro filho, atualmente com 21 anos, que foi criado pelos avós.

A delegada Renata Zanin explicou que aguarda os resultados dos exames médicos para determinar o impacto das condições vividas pela menina e os próximos passos do caso.