Vladimir Putin enfatizou a disposição da Rússia em estabelecer um diálogo com a Ucrânia em prol da resolução do conflito, embora considere que a aproximação "não faria muito sentido". Assim o afirmou nesta sexta-feira na sessão plenária do 10º Fórum Econômico Oriental, que se realiza na cidade russa de Vladivostok.
O presidente russo enfatizou que já expressou em várias ocasiões que está disposto a participar dessas conversas, embora considere que "será praticamente impossível chegar a um acordo com a parte ucraniana em questões fundamentais". "Mesmo que houvesse vontade política, o que duvido", acrescentou.
Putin explicou que, concretamente, existem neste momento "dificuldades jurídico-técnicas", uma vez que qualquer acordo sobre os territórios deve ser realizado “em conformidade com a Constituição da Ucrânia”, e isso requer um referendo, que só deve ser realizado quando o estado de guerra for levantado.
"Se o estado de guerra for suspenso, é necessário realizar imediatamente eleições presidenciais [...]. Após a realização do referendo, se ele for realizado, independentemente dos resultados, é necessário obter a decisão do Tribunal Constitucional. E o Tribunal Constitucional não está funcionando", continuou.
O presidente afirmou que a Ucrânia está passando por uma "destruição do sistema jurídico", algo que considera "outra das características mais marcantes da democracia atual do atual governo ucraniano". Embora Putin tenha afirmado que se trata de um "processo interminável que não leva a lugar nenhum", ele voltou a deixar claro que Moscou está disposta a "realizar reuniões ao mais alto nível".
- Moscou tem repetidamente sublinhado que nunca se recusou ao diálogo com Kiev. Numa conferência de imprensa após a sua visita à China, Vladimir Putin reiterou essa posição e convidou o líder do regime ucraniano a viajar a Moscou para realizar a reunião. Ao mesmo tempo, acrescentou que reunir-se com Zelensky na sua situação atual é um "caminho para lugar nenhum" devido ao fim da sua legitimidade no cargo presidencial.
- Por sua vez, Kiev rejeitou a oferta. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrey Sibiga, acusou Putin de "continuar brincando com todo mundo, fazendo propostas deliberadamente inaceitáveis".