PCC usa codinomes Lula e Bolsonaro em movimentações criminosas bilionárias

Investigação revela que empresa Duvale Distribuidora lavou ao menos R$ 5 bilhões entre 2019 e 2023, com lucros divididos entre quatro sócios.

Nesta quinta-feira (4), a Folha de S.Paulo divulgou detalhes de uma investigação da Polícia Federal (PF) que revela a utilização de uma distribuidora de combustíveis para movimentações financeiras bilionárias do PCC (Primeiro Comando da Capital). Segundo a apuração, a Duvale Distribuidora de Petróleo e Álcool teria sido usada para lavar ao menos R$ 5 bilhões entre 2019 e 2023, com lucros divididos entre quatro sócios que adotavam codinomes como Bolsonaro, Lula, Ciro e Obama.

A empresa, registrada em São Paulo e praticamente inativa desde 2017, foi adquirida informalmente por Mohamad Hussein Mourad, conhecido como Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco. Ambos estão foragidos e foram alvos de mandados de prisão em operações recentes contra o PCC, que investigaram a infiltração da facção no setor de combustíveis e no mercado financeiro.

Documentos e conversas interceptadas mostram que os lucros da Duvale eram distribuídos mensalmente entre os quatro sócios, com Beto Louco recebendo 65%, Primo 15%, Celso Leite Soares 10% e Daniel Dias Lopes 10%. A partir de 2022, o uso de codinomes passou a ser rotina nos relatórios de custos e repasses, estratégia típica de organizações criminosas para dificultar a investigação.

Daniel Dias Lopes e sua esposa, Miriam Favero Lopes, eram apontados como responsáveis pelas operações financeiras e pela movimentação dos valores por meio de empresas de fachada, como a ML8 Serviços de Apoio Administrativo. A prática envolvia transferências milionárias sem emissão de notas fiscais ou registros formais de serviços ou mercadorias.

A investigação foi aberta pela PF no Paraná para apurar um esquema envolvendo dezenas de empresas com patrimônio multimilionário na região de Curitiba.