Venezuela acusa Marco Rubio de usar 'lógica nazista' ao ignorar dados da ONU sobre drogas

O chanceler da Venezuela, Yván Gil, acusou o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, de "atacar" a Organização das Nações Unidas (ONU) em seu "desejo de agredir" o país sul-americano.
Em publicação no Telegram, o chanceler reagiu às declarações de Rubio sobre relatórios da ONU. Questionado sobre os dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), que mostram que a Venezuela participa com apenas 5% do tráfico global de drogas, o secretário de Estado dos EUA afirmou que não se importa com o que dizem as Nações Unidas.
Gil afirmou que Rubio "ataca todos os dados científicos" emitidos por organizações como a ONU que confirmam que o país sul-americano "está livre de cultivos ilícitos e combate o narcotráfico com eficácia exemplar".
"Essa é a lógica nazista: negar a evidência, inventar inimigos e semear ódio para encobrir fracassos", escreveu.
Ainda no texto, o chanceler venezuelano afirmou que "Rubio não ataca a Venezuela: ataca a verdade, a história e a dignidade de nossos povos".
De acordo com o relatório do UNODC, a Colômbia é o maior produtor de cocaína, seguida pelo Peru e pela Bolívia, sendo que 87% da droga que chega aos EUA sai pelo Oceano Pacífico, a partir dos portos colombianos e equatorianos.
"Rubio age na defensiva"
O ministro venezuelano também classificou como "nervosa" a reação de Rubio ao ser questionado sobre o relatório da ONU durante uma coletiva de imprensa em sua visita ao Equador.
"Ele age de forma nervosa, na defensiva, tentando tapar sua absoluta derrota na política de perseguição contra a América Latina", afirmou Gil.
Na opinião do principal representante da diplomacia venezuelana, Rubio "escupe suas mentiras a partir do território sagrado do bolivarianismo, o Equador de [Simón] Bolívar, de [Antonio José de] Sucre, de Manuela Sáenz e Eloy Alfaro".
Gil questionou ainda o anúncio feito pelo secretário de Estado dos EUA sobre a possibilidade de "posicionar militares americanos no território" do Equador.
"O que pensará o Equador ao ouvir Rubio propor bases militares estrangeiras em seu solo?", questionou.
Washington anunciou ter atacado um navio no sul do Caribe
A reação de Caracas ocorre após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado, na terça-feira (2), o "ataque letal" contra um "barco com drogas" em águas internacionais, onde viajavam 11 pessoas, que foram mortas ao deixarem a Venezuela.
A ação, sobre a qual Washington não forneceu maiores detalhes e que tem sido questionada, é a primeira a se concretizar após o deslocamento militar estadunidense no sul do Caribe, que teria como objetivo combater o tráfico de drogas na região.
Em carta à ONU, a Venezuela denunciou que as "ações hostis" dos EUA visam um "golpe" para tirar o presidente Nicolás Maduro do poder, classificando a movimentação militar de Washington como uma "ameaça sem precedentes para a paz e a segurança da América Latina e do Caribe".

