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'Pode acontecer de novo', diz Marco Rubio após ataque dos EUA contra 'barco com drogas' no Caribe

Na terça-feira (2), o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o país havia atirado contra "um barco que carregava drogas", ao tentar sair da Venezuela.
'Pode acontecer de novo', diz Marco Rubio após ataque dos EUA contra 'barco com drogas' no CaribeGettyimages.ru

O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, alertou nesta quarta-feira (3) que Washington pode voltar a atacar embarcações supostamente utilizadas para o tráfico de drogas no mar do Caribe.

"Esses cartéis utilizam rotas marítimas há muitos anos. Temos inteligência, sabemos que eles estão chegando e os interceptamos, mas isso não funciona, porque esses cartéis sabem: 'Bem, vamos perder 2%, vamos perder 1% do que estamos vendendo em drogas'. Isso faz parte da economia deles; esses cartéis estão lucrando bilhões de dólares. Eles não se importam em perder uma ou duas cargas porque a Guarda Costeira para um barco", afirmou Rubio durante coletiva de imprensa no México.

O secretário também enfatizou que organizações criminosas, que, segundo ele, transitam pelas águas do Caribe com carregamentos de substâncias ilícitas, "não poderão continuar operando impunemente".

"Ataque letal"

No dia anterior, Trump anunciou a repórteres, durante coletiva de imprensa no Salão Oval, que as forças americanas haviam afundado "um navio que transportava drogas" que "havia saído da Venezuela". Sua versão foi apoiada por Rubio, que descreveu a ação como um "ataque letal" e acrescentou que o navio era operado por uma "organização narco-terrorista".

Posteriormente, o presidente publicou uma mensagem em seu perfil no Truth Social, na qual detalhou que o ataque, realizado sob suas ordens, tinha como alvo "narco-terroristas do Trem de Aragua", que haviam sido identificados na área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA.

Segundo o presidente americano, o bombardeio do navio ocorreu em "águas internacionais" e resultou na morte de 11 "narco-terroristas". Nem ele nem Rubio especificaram onde ocorreu a interceptação, como a origem da embarcação foi determinada ou qual procedimento foi usado para identificar o grupo criminoso por trás da transferência.

Dúvidas e críticas de líderes da América Latina

Trump fez a publicação junto com um vídeo que mostra tanto o o barco bombardeado quanto o momento do ataque. No entanto, a autenticidade do vídeo foi questionada pelo Ministro da Comunicação e Informação da Venezuela, Freddy Ñáñez, que o submeteu a uma análise de verificação usando a ferramenta Gemini.

"Parece que Marco Rubio continua mentindo para seu presidente: depois de levá-lo a um beco sem saída, agora lhe oferece como 'prova' um vídeo de IA (assim comprovado)", sugeriu Ñáñez, após apontar inconsistências identificadas pela plataforma de inteligência artificial generativa.

Enquanto isso, o presidente colombiano, Gustavo Petro, criticou abertamente o procedimento dos EUA, por ser contrário ao que normalmente se faz quando um barco de drogas é interceptado e resulta no "assassinato" de pessoas pobres.

"Se isso for verdade, é assassinato em qualquer lugar do mundo. Há décadas capturamos civis transportando drogas sem matá-los. Quem transporta drogas não são os grandes traficantes, mas os jovens muito pobres do Caribe e do Pacífico", escreveu ele em seu perfil no X, como comentário ao vídeo divulgado por Trump.