Notícias

Moraes 'fraudou' a investigação contra empresários, afirma ex-assessor

Eduardo Tagliaferro acusa o ministro do STF de divulgar mensagens privadas para justificar mandados judiciais.
Moraes 'fraudou' a investigação contra empresários, afirma ex-assessorMarcelo Camargo / Agência Brasil

Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou na terça-feira (02), durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública do Senado (CSP), que o ministro praticou uma "fraude processual gravíssima" ao investigar oito empresários que apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as eleições de 2022.

Tagliaferro, que está na Itália e participou por videoconferência, afirmou que Moraes divulgou a um veículo de imprensa mensagens privadas de um grupo de WhatsApp formado por empresários. Posteriormente, utilizou a reportagem como base para solicitar mandados de busca e apreensão contra eles.

Finalmente, ao lidar com críticas públicas, adicionou novas razões ao documento que fundamentou as buscas, porém isso ocorreu após as buscas já terem sido realizadas, o que violaria regras processuais.

"Foi uma fraude processual gravíssima. Se aconteceu nesse caso, imagine o que não acontece em todos os processos físicos em posse de Alexandre de Moraes", disse o ex-assessor.

Denúncia e pedido de extradição

No dia 22 de agosto de 2025, Eduardo foi denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por violação de sigilo funcional, obstrução de investigação criminal, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Imediatamente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes solicitou a extradição de seu ex-assessor, que segundo o jornal Gazetadopovo possui cidadania italiana, o que não impediria o trâmite.

As mensagens compartilhadas por Tagliaferro contribuíram para fundamentar o caso conhecido como Vaza Toga, que investiga a imparcialidade de Moraes em inquéritos contra apoiadores de Bolsonaro.

A declaração de Tagliaferro, em sessão parcialmente conduzida pelo senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente Bolsonaro, ocorreu no mesmo dia em que o STF começou a julgar o ex-presidente por supostamente tentar dar um golpe de Estado após perder as eleições de 2022. 

Moraes, que presidiu o TSE de agosto de 2022 até maio de 2024, é o relator do caso no STF, o que, segundo senadores bolsonaristas, afeta o julgamento. A CSP comunicou que irá disponibilizar os documentos do ex-assessor para os réus do caso.