EUA publicam novos materiais do caso Epstein

Os materiais divulgados pelo congresso contém mais de 33.000 páginas relacionados ao criminoso, mas apenas uma parcela é inédito.

A Comissão de Supervisão da Câmara de Representantes dos EUA divulgou 33.295 páginas de documentos relacionados a Jeffrey Epstein, responsável por coordenar uma rede de tráfico humano e abuso sexual. 

A divulgação atendeu à articulação do presidente da comissão, James Comer, que havia intimado o Departamento de Justiça a fornecê-los. O órgão se comprometeu a continuar fornecendo os registros, preservando a identidade das vítimas e suprimindo qualquer material de abuso sexual infantil.

Comer afirmou que a divulgação representa o ''primeiro lote'' de materiais relacionados ao caso. Ainda não está claro quanto de informação inédita os registros contêm.

Congressistas da comissão ressaltaram que grande parte do material fornecido pelo Departamento de Justiça já havia sido tornada pública.

O congressista Ro Khanna, membro da comissão, afirmou: ''Apenas 3% dos documentos entregues ao Comitê de Supervisão são novos, o restante já é de domínio público. Menos de 1% dos arquivos foi divulgado. O Departamento de Justiça está bloqueando informações''.

Já a deputada Summer Lee afirmou que a ''única novidade'' são menos de 1.000 páginas do ''registro de localizações dos voos do avião de Epstein'', compilado pela Alfândega e Proteção de Fronteiras entre 2000 e 2014, além de ''formulários relacionados ao reingresso'' nos EUA.

Segundo a CNN, a divulgação dos documentos é apenas parte da investigação em curso, já que o a comissão solicitou depoimentos de figuras importantes, incluindo Bill e Hillary Clinton, possivelmente ligados ao caso.

O escândalo Epstein

Lembrado por seus laços com figuras políticas como Donald Trump e o príncipe Andrew, Jeffrey Epstein foi condenado por pagar adolescentes para praticar atos sexuais. Em 2019, ele suicidou-se em sua cela. Sua ex-companheira, Ghislaine Maxwell, cumpre pena de 20 anos desde 2021 por conspirar com Epstein durante quase uma década para facilitar os abusos.

O escândalo começou em 2005, quando uma mulher denunciou que Epstein havia pago sua enteada adolescente para lhe fazer uma massagem nua. A investigação policial rapidamente identificou mais uma dúzia de possíveis vítimas.

O magnata e multimilionário teve mais de mil vítimas ao longo de duas décadas, segundo um documento publicado pelo Departamento de Justiça dos EUA.

Embora cerca de 40 vítimas confirmadas tenham sido encontradas na época do primeiro escândalo, em 2007 o magnata chegou a um acordo judicial com a Promotoria, declarando-se culpado de uma acusação de prostituição de menores, que levou à sua condenação a 18 meses de prisão.

A partir de 2018, dezenas de novas vítimas denunciaram Epstein, levantando também a polêmica sobre o tratamento privilegiado que recebera em um julgamento anterior. O caso levou à sua prisão em 2019, acusado de traficar meninas, algumas com apenas 14 anos, e de manter relações sexuais com elas.