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Repressão, violência e coquetéis molotov: o que está por trás dos protestos na Indonésia?

As manifestações se espalharam por várias cidades do país após denúncias de privilégios a parlamentares e incidente fatal envolvendo a polícia.
Repressão, violência e coquetéis molotov: o que está por trás dos protestos na Indonésia?Gettyimages.ru / Ulet Ifansasti

Em meio a protestos que tomaram as ruas da Indonésia, o presidente Prabowo Subianto anunciou a aceitação das principais reivindicações dos manifestantes, informou a agência Antara no domingo (31).

Os distúrbios começaram após a divulgação de que os 580 parlamentares recebiam um auxílio-moradia mensal de 50 milhões de rupias (cerca de US$ 3.000), quase dez vezes o salário mínimo nacional, além dos salários regulares.

Em comunicado, o presidente disse que a liderança da Câmara dos Representantes anunciou a revisão de políticas, incluindo a realocação de designações parlamentares e a moratória sobre viagens de trabalho ao exterior.

Prabowo afirmou que partidos políticos adotaram medidas disciplinares contra deputados que fizeram declarações públicas consideradas inadequadas. Vários parlamentares tiveram credenciais revogadas, segundo ele, reforçando que representantes do povo devem priorizar a sensibilidade às demandas populares.

Os protestos se intensificaram após a circulação de um vídeo mostrando um veículo policial atropelando mortalmente o mototaxista Affan Kurniawan, de 21 anos, em Jacarta.

O episódio desencadeou uma nova onda de protestos por reformas nas instituições policiais e governamentais.

Os distúrbios se espalharam além da capital, atingindo Bandung (Java Ocidental), Surabaia (Java Oriental), Jogjacarta, Solo (Java Central) e Makassar (Sulawesi do Sul).

Na cidade de Makassar, manifestantes incendiaram a sede do Conselho Regional de Representação Popular na sexta-feira (29), enquanto prédios parlamentares em Sulawesi do Sul e Mataram (Nusa Tenggara Ocidental) também foram atacados.

Testemunhas relataram que coquetéis molotov foram lançados contra o prédio do conselho durante sessão plenária. As chamas destruíram partes da estrutura, mas todas as autoridades, incluindo o prefeito Munafri Arifuddin, foram evacuadas em segurança.

Os distúrbios obrigaram Prabowo a cancelar sua viagem à China para a 25ª cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX). Em seu lugar, o ministro das Relações Exteriores, Sugiono, viajou a Tianjin.

Prabowo reforçou que, embora respeite o direito a protestos pacíficos, atos ilegais não serão tolerados. O governo abrirá investigação sobre a morte de Affan Kurniawan. "A Polícia Nacional já conduz investigação interna sobre os policiais envolvidos. Solicitei que o processo seja rápido, transparente e aberto ao público", afirmou, acrescentando estar chocado com as ações excessivas dos agentes e exigindo responsabilização.

Ainda não se sabe quem está por trás dos tumultos, que começaram com grupos estudantis, informou a Reuters. Os protestos representam o desafio mais significativo ao governo de Prabowo, que enfrenta pouca oposição política desde que assumiu há quase um ano.