Zelensky diz que os EUA "não se importam" com o número de pessoas que morrem na Ucrânia
O presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, criticou na segunda-feira os políticos norte-americanos, acusando-os de não se preocuparem com a vida dos ucranianos.
Em uma entrevista à PBS NewsHour, o mandatário se pronunciou sobre os jogos políticos em torno a aprovação da ajuda militar dos EUA para Kiev - que atualmente está bloqueada pela bancada republicana na Câmara dos Deputados - e os planos de novos financiamentos para Israel.
Em concreto, Zelensky se referiu às palavras do presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Mike Johnson, que disse que tentaria aprovar um pacote de ajuda adicional para Tel Aviv na próxima semana sem mencionar a Ucrânia.
A Ucrânia não pode vencer sem o apoio dos EUA
"Se o Congresso dividir essa ajuda, depois de tudo o que aconteceu, em Israel e na Ucrânia, isso significa que é uma questão eleitoral nos Estados Unidos. É uma questão puramente política agora, quando todos estão perguntando: como o Irã poderia atacar Israel? Portanto, agora precisamos apoiar apenas Israel e esquecer o que está acontecendo na Ucrânia", declarou.
"Isso é pura política. Ninguém se importa com o número de pessoas que morrem todos os dias na Ucrânia. Eles só se preocupam com seus índices de aprovação. É disso que se trata. Eles estão se esquecendo de que os mortos não se importam com os índices de aprovação", continuou. "As pessoas no Congresso deveriam pensar duas vezes antes de insistir nessas questões políticas relacionadas ao apoio à Ucrânia e votar para apoiar todos os países cujas vidas dependem disso", disse Zelensky.
De acordo com o líder ucraniano, se os políticos dos EUA finalmente concordarem com um pacote de ajuda para Israel e excluírem a Ucrânia, isso significará que essa não é uma questão de "segurança". "É pura política e é uma vergonha para o mundo e uma vergonha para a democracia. Para aqueles que só falam sobre democracia, são apenas palavras", reiterou ele, admitindo que "francamente, sem esse apoio", Kiev"não terá chance de vencer".
Israel recebe mais ajuda do Ocidente
No início do dia, Zelensky elogiou a ajuda dos países ocidentais na defesa de Israel durante o recente ataque iraniano, ressaltando que o pais judeu não é membro da OTAN, portanto, nenhuma ação como a ativação do Artigo 5 do pacto militar foi necessária. Nesse contexto, ele acrescentou que, como resultado da operação, "ninguém foi arrastado para a guerra".
"Os céus europeus poderiam ter recebido o mesmo nível de proteção há muito tempo se a Ucrânia tivesse recebido apoio semelhante de seus aliados para interceptar drones e mísseis", disse ele.
No entanto, Washington e Londres garantiram que suas forças não ajudarão o exército ucraniano a derrubar drones e mísseis russos sobre a Ucrânia, como fizeram com projéteis iranianos em apoio a Israel.