Quais assuntos abordou o chanceler brasileiro com sua colega argentina durante sua primeira visita oficial ao país?

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, junto com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, reuniu-se na segunda-feira com sua homóloga argentina, Diana Mondino, em Brasília, em sua primeira visita oficial ao país desde o início da presidência de Javier Milei.

Mondino foi recebida no Palácio Itamaraty para abordar "os aspectos centrais da extensa relação bilateral, que constitui uma verdadeira política de Estado para ambos os países", informou o Ministério das Relações Exteriores da Argentina em um comunicado.

Vieira reúne-se com a chanceler argentina no Brasil para discutir cooperação e desenvolvimento

Na primeira reunião com sua colega argentina, Mauro Vieira discutiu questões de interesse comum, como infraestrutura fronteiriça, a Hidrovia Paraguai-Paraná, a integração e cooperação energéticas, a saúde, o transporte, a defesa, a segurança e o turismo.

Junto com Alckmin, que também é ministro da Indústria e Comércio, a ministra de Milei destacou o fortalecimento do Mercosul e a integração regional do bloco, um dos temas prioritários para o Palácio do Planalto.

Por sua vez, Mondino declarou que a Argentina considera o Brasil um parceiro estratégico e um país irmão e destacou que a união entre os dois povos, por meio de profundos laços culturais e sociais de raízes históricas, transcende os governos ocasionais de ambas as nações.

Também destacaram as amplas possibilidades de cooperação em áreas como infraestrutura física e energética, defesa, ciência e tecnologia, educação e cultura, e em espaços regionais e multilaterais.

Durante a reunião, a Chancelaria da Argentina enfatizou a necessidade de manter "a amizade e o vínculo estratégico bilateral", após as tensões geradas pelas críticas do presidente argentino do seu homólogo brasileiro, a quem chamou de "comunista e corrupto" antes de chegar ao poder, e anunciou que não se reuniria com ele caso se tornasse presidente.

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Questionada pelo jornal La Nación sobre um possível encontro entre os presidentes, Mondino afirmou que a possibilidade "está sempre presente". Vamos levar em conta a agenda internacional (de Milei). Em algum momento, esperamos que isso aconteça", sublinhou. 

Significado político

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil indicou que as relações entre a Argentina e o Brasil são marcadas pela intensidade dos fluxos de investimento e comércio, pela emissão e a recepção de um grande número de turistas e estudantes, bem como pela cooperação em setores estratégicos como defesa, segurança, energia convencional e nuclear, ciência, tecnologia e inovação.

Em um comunicado divulgado nas redes sociais, o Palácio do Itamaraty afirmou que a primeira visita oficial da chanceler argentina tem significado essencialmente político e muito importante, de intenso e profundo diálogo sobre um conjunto de temas de grande e imediato interesse para ambos os países.

Além disso, ao abordar a escalada de tensão no conflito do Oriente Médio, o ministro Vieira garantiu que o Governo brasileiro condena qualquer ato de violência.

Mondino chegou a Brasília no último domingo para discutir questões de interesse comum com o Governo de Lula da Silva. A funcionária cumprirá uma agenda política e comercial completa nas cidades de Brasília e São Paulo.

Nenhuma intervenção no conflito brasileiro com Musk

Após a reunião dos chanceleres, Diana Mondino foi questionada pela imprensa sobre a suposta intervenção da Argentina no conflito que o empresário Elon Musk desencadeou com a justiça brasileira.

A funcionária da Administração de Milei respondeu: "Nunca interferiremos". Em sua recente visita aos Estados Unidos, o presidente da Argentina havia se oferecido para ajudar Musk, proprietário da plataforma 'X', a resolver a disputa com o Supremo Tribunal Federal brasileiro.

O magnata havia anunciado que o 'X' deixaria de cumprir as ordens do tribunal de bloquear determinadas contas por espalharem notícias falsas.