Em sua edição semanal divulgada nesta quinta-feira (28), a renomada revista internacional The Economist trouxe como destaque um artigo que compara os cenários políticos dos Estados Unidos e do Brasil. O panorama geral é:
''A América [EUA] está se tornando mais corrupta, protecionista e autoritária — com Donald Trump, nesta semana, interferindo no Federal Reserve e ameaçando cidades controladas pelos democratas. Em contraste, mesmo com o governo Trump punindo o Brasil por processar Bolsonaro, o país demonstra determinação em proteger e fortalecer sua democracia'', avaliam.
O autor atribui o diferencial do Brasil à memória da Ditadura Militar, encerrada em 1988, que, por ainda estar recente, teria imbuído a Suprema Corte da missão de atuar como uma ''fortaleza contra o autoritarismo''.
Mesmo reconhecendo que a Suprema Corte enfrenta uma situação delicada — sobrecarregada por milhares de processos e, em alguns casos, atuando ao mesmo tempo como ''vítima, promotoria e juiz'' — o texto aposta na capacidade de autorregulação do tribunal, ressaltando que ''os próprios magistrados veem espaço para mudança''.
Esses desafios, acrescenta o texto, se somam a problemas como a "incontinência fiscal crônica, em especial isenções tributárias descontroladas e aumentos automáticos de gastos". Argumenta-se, porém, que nenhum deles pode ser resolvido com a ingerência de Trump, vista como um "obstáculo".
''Tensões, portanto, serão inevitáveis. Mas, ao contrário de seus pares nos Estados Unidos, muitos dos políticos tradicionais do Brasil, de todos os partidos, querem jogar conforme as regras e avançar por meio de reformas. Esses são os traços da maturidade política. Pelo menos temporariamente, o papel de adulto democrático do hemisfério ocidental se deslocou para o Sul'', concluem.