Ocidente mira Brasil e China em plano de sanções contra economia da Rússia

O chanceler Mauro Vieira já havia apontado para a incongruência das medidas, lembrando que a própria UE compra ''51% de gás natural'' da Rússia.

Os países da União Europeia (UE) estão discutindo a implementação de sanções secundárias como forma de ampliar as restrições já aplicadas à Rússia, informou a agência Bloomberg nesta quarta-feira (27), citando fontes próximas às negociações.

Ministros europeus avaliam atingir os setores de petróleo, gás e financeiro da Rússia, além de aplicar novas restrições à importação e exportação de produtos russos.

Segundo a Bloomberg, a mudança de paradigma indica que o limite da pressão econômica da UE sobre a Rússia está próximo, já que até agora Bruxelas evitava sanções secundárias para se distanciar da política de Trump. 

Impacto em países do BRICS

Nos Estados Unidos, o senador Lindsey Graham, aliado do regime de Kiev, comentou sobre a estratégia do governo Trump diante da resiliência russa em entrevista à NBC News no início de agosto, quando defendeu o uso de sanções secundárias. Segundo ele, o presidente russo Vladimir Putin "está pouco se lixando" para as sanções, mas "uma coisa que ele não vai conseguir tolerar e lidar é se nós formos atrás dos seus clientes".

Graham mencionou diretamente os países do BRICS, afirmando que "o objetivo principal é o de esmagar os clientes [da Rússia]: Índia, China e Brasil". Ele alertou que países que continuarem comprando petróleo russo poderiam ter "acesso negado" à economia norte-americana.

Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil, já havia se manifestado sobre a possibilidade de aplicação de sanções secundárias após as ameaças do holandês Mark Rutte, secretário-geral da OTAN. Na ocasião, ele lembrou que a União Europeia segue dependente do setor energético russo:

''Talvez ele [Rutte] não esteja informado, como ele é da área militar, e não comercial, que a União Europeia compra 6% do petróleo bruto russo nesse momento, 51% de gás natural e 6% do gás liquefeito'', pontuou Vieira.