
China reage após Japão promover boicote às comemorações pelo 80º aniversário do fim da II Guerra

O governo chinês informou na terça-feira (26) que "apresentou protestos ao Japão e pediu esclarecimentos", após Tóquio solicitar a diversas nações que não participassem dos eventos comemorativos do 80º aniversário da vitória da Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa, que ocorrerão em 3 de setembro em Pequim.

Guo Jiakun, porta-voz da chancelaria chinesa, afirmou que as celebrações têm o objetivo de "relembrar a história, homenagear os mártires, prezar pela paz e abrir caminho para um futuro mais brilhante". Para Pequim, nações que enfrentam a história com seriedade e se comprometem com o desenvolvimento pacífico não levantam objeções à realização dos eventos.
A diplomacia chinesa também destacou que o Japão deve reconhecer seu "histórico de agressões, romper com o militarismo" e respeitar os sentimentos das populações afetadas. Somente assim, afirmou Pequim, o país poderá reconstruir a confiança dos vizinhos asiáticos e da comunidade internacional, fortalecendo relações pacíficas na região.
Relação conturbada
As relações entre Japão e China permanecem tensas devido a feridas históricas da Segunda Guerra Mundial.
''Até hoje o Japão não fez um pedido de desculpas à China, à Coreia e outros países asiáticos por sua guerra de agressão'', lembrou a especialista Isabela Shi nesta quarta-feira (27). Ela também apontou temas sensíveis que o governo japonês se recusa a reconhecer ou que são simplesmente omitidos de seus livros didáticos, incluindo:
- O Massacre de Nanquim e os experimentos da Unidade 731, que constituem graves crimes de guerra cometidos pelo Exército Imperial japonês;
O sofrimento de 200.00 mulheres forçadas à escravidão sexual pelo Japão, sem pedidos formais de desculpas às vítimas nos países vizinhos;
Outro ponto de tensão, prosseguiu, são as homenagens no Santuário Yasukuni, onde estão consagrados soldados condenados por crimes de guerra. Visitas de primeiros-ministros a esse local, especialmente em datas simbólicas como o aniversário da rendição japonesa, geram protestos e aprofundam as tensões bilaterais.
