Senado aprova projeto contra adultização de crianças nas redes sociais

Projeto que aumenta fiscalização conta exposição infantil nas redes sociais foi elogiado pela maioria do Plenário, mas houve divergências. Matéria segue para sanção do presidente Lula.

O Senado Federal do Brasil aprovou, em votação simbólica nesta quarta-feira (27), o projeto contra a adultização de crianças nas redes sociais. O texto segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que poderá sancioná-lo integralmente ou com vetos.

Durante a discussão do projeto de lei (PL), a maioria dos oradores elogiou o texto, mas houve divergências. O senador Carlos Portinho criticou a criação de uma autoridade nacional autônoma para fiscalizar conteúdos prejudiciais, chamando-a de ''cavalo de Troia para o controle da internet'' e alertando para riscos de censura à liberdade de expressão.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) também elogiou a temática em pauta no Congresso, mas afirmou estar preocupado com uma possível ''pegadinha''. Segundo ele, o texto pode ''abrir uma porteira que o STF está esperando para regulamentar as redes sociais''. Girão, ao registrar voto contrário à proposta, sugeriu que o PL fosse enviado, primeiramente, à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para ''avaliação de impactos''.

Ao final das falas dos oradores, minutos antes da votação, o autor do PL, Alessandro Vieira (MDB-SE), afirmou que não existe o objetivo de censurar liberdades:

''O projeto é voltado para a proteção da criança e do adolescente. Não se trata de liberdade de expressão e nem poderia'', afirmou, ressaltando que este é um direito garantido pela Constituição.

Se manifestaram contra a aprovação do projeto os senadores Eduardo Girão (Novo-CE), Carlos Portinho (PL-RJ), Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Jaime Bagatolli (PL-RO).

Entenda a matéria

O PL 2628/2022 foi aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada e obriga as big techs a adotarem medidas que previnam o acesso de crianças e adolescentes a conteúdos como pornografia, bullyiing, jogos de azar e incentivo ao suicídio.

De acordo com o texto, a previsão é que a fiscalização fique a cargo de uma autoridade nacional autônoma e da administração pública, que deve preparar os regulamentos e procedimentos para acompanhar o cumprimento da nova legislação.

Nesse sentido, as plataformas serão obrigadas a:

Denúncia movimentou setores da sociedade

O assunto ganhou força no País e no Parlamento após uma denúncia do influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca. Em vídeo publicado no dia 9 de agosto, o youtuber expôs casos de exploração infanto-juvenil e alertou para os riscos de exposição de crianças nas redes sociais.

No vídeo, que acumula mais de 48 milhões de visualizações, Felca denunciou Hytalo Santos e seu marido, Israel Nata Vicente. Ambos são investigados pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por exposição e exploração de menores em conteúdos virtuais. Eles foram presos em São Paulo, em 15 de agosto.