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Cabello anuncia Zona de Paz e cita ONU para negar que Venezuela seja rota de narcotráfico

O ministro do Interior afirmou que apenas 5% da droga advinda da Colômbia tenta passar pelo país, sendo 70% a 80% interceptada, indicando um combate realizado "de forma estrutural, e não de maneira eventual ou para desviar a atenção de outros problemas".
Cabello anuncia Zona de Paz e cita ONU para negar que Venezuela seja rota de narcotráficoReprodução/Divulgação Redes Sociais/Con el Mazo Dando

O vice-presidente setorial de Política, Segurança Cidadã e Paz da Venezuela, Diosdado Cabello Rondón, afirmou nesta segunda-feira (25) que os órgãos de segurança do país mantêm uma luta contínua contra o narcotráfico e as organizações criminosas em todo o território nacional.

Em entrevista coletiva, Cabello destacou o trabalho das Unidades de Reação Rápida de Combate (URRA), distribuídas em vários pontos do país, que atuam em resposta imediata a qualquer situação que ameace a estabilidade.

"Temos um sistema de resposta rápida com forças militares, policiais e o apoio do povo. As URRA têm sido eficazes e eficientes na proteção dos nossos rios e mares", declarou.

Cabello, que também é ministro do Interior, Justiça e Paz da Venezuela, anunciou ainda, por ordem do presidente Nicolás Maduro, a ativação imediata da Zona de Paz N°1 nos estados Zulia e Táchira.

Segundo o funcionário de alto escalão, 15 mil homens e mulheres da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), policiais e milicianos foram mobilizados com drones, aviação e meios fluviais para reforçar a fronteira.

A medida amplia a Operação Relâmpago do Catatumbo e deverá se estender às futuras Zonas de Paz N°2 e N°3. Ele também pediu reciprocidade ao governo colombiano para enfrentar o crime binacional.

O ministro apontou que a Venezuela tem apreendido quantidades significativas de drogas, superando estimativas anteriores.

Segundo ele, apenas 5% dos entorpecentes produzidos na Colômbia tenta sair pelo Caribe venezuelano, e não 40% como afirmam alguns relatórios. "Quando digo tenta, é porque uma coisa é tentar sair e outra é sair. Este ano, sem finalizar agosto, já apreendemos 52,7 toneladas, o que confirma que o tráfico não consegue usar a Venezuela como rota", afirmou.

Cabello apresentou ainda um balanço mais amplo das operações de 2025, que incluiu:

  • 480 fuzis apreendidos em diferentes operações;

  • 400 aeronaves neutralizadas e 92 pistas clandestinas destruídas;

  • 94 embarcações e cinco semissubmersíveis interceptados;

  • 153 mil quilos de precursores químicos confiscados;

  • Mais de seis mil pessoas detidas, entre elas cidadãos estrangeiros;

  • Em Zulia, apreensão de três mil detonadores e 1.800 metros de cordão detonante;

  • Fuzis de franco-atirador calibre .50, de fabricação norte-americana, com supressor de som, que, segundo Cabello, seriam usados para gerar violência em aliança com setores da oposição.

Cabello também destacou que o relatório da ONU classifica a Venezuela como território livre de cultivos e laboratórios de droga, o que, segundo ele, desmonta a narrativa de que o país vive do narcotráfico.

"A ONU define três condições para enquadrar uma nação como produtora: cultivos, laboratórios e trânsito massivo. A Venezuela não cumpre nenhuma delas", disse.

Em comparação com países vizinhos, Cabello apontou que a Colômbia produz cerca de 2.120 toneladas de droga por ano, sendo que 87% sai pelo Oceano Pacífico, com rotas passando pelo próprio território colombiano, Equador e Peru.

"É um tema geopolítico. Esses governos são permissivos com o narcotráfico. No Equador houve fraude, no Peru um golpe. Parece que querem facilitar a saída da droga", disse.

Cartel de drogas 

Durante a coletiva, o vice-presidente também atacou diretamente a Agência de Repressão às Drogas dos Estados Unidos (DEA), afirmando que a instituição atua como um cartel. "A DEA é o maior cartel de drogas do mundo. Ela controla a droga que entra nos Estados Unidos. E não tem interesse que o relatório da ONU sobre a Venezuela seja divulgado", declarou.

Cabello ressaltou que, ao contrário dos Estados Unidos, o governo venezuelano combate o narcotráfico "de forma estrutural, e não de maneira eventual ou para desviar a atenção de outros problemas".

O que já foi feito 

O ministro comunicou que o governo destruiu acampamentos, laboratórios, estaleiros e narcosubmarinos, além de deter colombianos especialistas em fibra de vidro, responsáveis pela construção de semissubmersíveis em estruturas clandestinas.

No âmbito doméstico, Cabello apresentou os seguintes indicadores de segurança para 2025:

  • 1,92 delitos por cada 100 mil habitantes, índice considerado um dos mais baixos do mundo;

  • Redução de 219 homicídios em comparação com o mesmo período de 2024;

  • Petare, bairro antes classificado como um dos mais violentos, registrou apenas um homicídio em seis meses, após a implementação do plano piloto.

Cabello rejeitou ainda as narrativas estrangeiras sobre a criminalidade no país. Segundo ele, a campanha midiática em torno do "Trem de Aragua" foi desmontada, já que os remanescentes da organização estariam em Colômbia e Chile.

O ministro afirmou que o chamado "Cartel de los Soles ("Cartel dos Sóis", em português) é uma invenção usada como pretexto político e acusou a opositora María Corina Machado de manter vínculos com facções criminosas, paramilitares e cartéis internacionais, em articulação com Álvaro Uribe e Iván Duque.

"Os que não têm votos buscam alianças criminosas. Por instruções do presidente Nicolás Maduro, não permitiremos que o narcotráfico penetre em nossa pátria", afirmou.

Segundo ele, o índice de interceptação de drogas que tentam atravessar o território nacional varia entre 70% e 80%. "Cuidamos do nosso território com seriedade. Eles não vão conseguir se infiltrar na Venezuela", concluiu.