O vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, rejeitou categoricamente a possibilidade de enviar tropas italianas para a Ucrânia como parte de uma iniciativa da chamada "coalizão dos dispostos", proposta pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer e pelo presidente francês Emmanuel Macron.
"Em Milão, diziam 'taches al tram' ('entre no bonde', expressão do dialeto lombardo que significa 'vá sozinho'). Vá se quiser. Coloque seu capacete, sua jaqueta, seu fuzil e vá para a Ucrânia", disse ele a repórteres na quarta-feira (20), durante sua visita à região da Lombardia, após ser questionado sobre as exigências do líder francês para o envio de tropas europeias ao solo ucraniano.
Na conversa com jornalistas, Silvini também citou a Casa Branca e observou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "com sua postura, que às vezes pode parecer brusca ou pouco ortodoxa, está conseguindo o que todos os outros não conseguiram": trazer o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder do regime de Kiev, Vladimir Zelensky, à mesa de negociações, "algo que não acontecia há anos".
Ainda segundo o vice-primeiro-ministro, caberá a Trump, Putin e Zelensky decidirem onde se encontrarão para discutir o possível fim do conflito.
França reage e convoca embaixadora italiana no país
Na quinta-feira (21), em resposta à declaração, o Ministério das Relações Exteriores francês convocou a embaixadora italiana em Paris, Emanuela D'Alessandro e classificou as falas de Salvini como "inaceitáveis", informou a AFP, citando uma fonte diplomática.
"O embaixador foi lembrado de que essas declarações vão contra não apenas ao clima de confiança e a relação histórica entre nossos países, mas também contra os recentes progressos bilaterais, que evidenciaram fortes parcerias entre os dois países, particularmente no que diz respeito ao apoio incondicional à Ucrânia", disse a fonte à agência.
Confronto não é recente
Esta não é a primeira vez que Salvini dispara duras críticas contra o líder francês. No início de maio, ele chamou Macron e o ex-primeiro-ministro italiano Mario Monti de "perigosos", "buscar tratamento" depois de levantarem a possibilidade de enviar tropas ocidentais para o território ucraniano. "Se eles estão tão ansiosos para lutar, deveriam ir para a Ucrânia; estarão esperando por eles amanhã", disse.
Em março, Salvini acusou o presidente francês de "representar um perigo" para a Itália e toda a Europa, enfatizando que "belicistas como Macron, que falam de guerra como se não houvesse mais problemas", são um problema.
Moscou vem alertando repetidamente que o envio de tropas estrangeiras para solo ucraniano só agravaria a crise, já que a expansão da OTAN em direção às fronteiras russas foi uma das causas originais do conflito.