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Governo Lula irá propor 'Plano Real da Segurança' para endurecer combate a facções

Proposta do Ministério da Justiça prevê mudanças legislativas, banco nacional de criminosos e penas mais duras.
Governo Lula irá propor 'Plano Real da Segurança' para endurecer combate a facçõesGettyimages.ru / Ton Molina/NurPhoto

O governo federal prepara uma nova ofensiva para conter a atuação de facções criminosas em todo o território nacional, informa o portal G1.

Batizado de "Plano Real da Segurança", o pacote será apresentado nas próximas semanas pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, como projeto de lei ao Congresso Nacional.

A proposta tem como objetivo criar uma estrutura legal robusta e integrada para mapear, combater e punir organizações criminosas. O plano é inspirado na lógica do Plano Real da década de 1990, que estabilizou a economia brasileira, e visa trazer a mesma eficácia para a área da segurança pública.

Principais medidas do "Plano Real da Segurança"

O governo detalhou uma série de ações legislativas e operacionais que serão propostas. Veja os principais pontos do pacote:

  • Banco Nacional das Facções: criação de um sistema integrado de informações com o mapeamento de todas as organizações criminosas e seus integrantes.

  • Nova Agência Nacional: proposta de uma agência federal dedicada exclusivamente ao enfrentamento de facções e ao apoio técnico-operacional a estados e municípios.

  • Mudanças legais:

    • Ampliação do conceito jurídico de "organização criminosa"

    • Novas formas de infiltração de policiais em empresas investigadas

    • Aumento das penas para crimes ligados a facções, como financiamento, promoção e criação desses grupos

    • Novas sanções para pessoas jurídicas usadas como fachada em esquemas criminosos, incluindo lavagem de dinheiro

  • Inquéritos e dados:

    • Reformulação dos procedimentos de inquérito policial em casos que envolvam organizações criminosas

    • Aperfeiçoamento de sistemas de compartilhamento de dados entre estados e União

  • Proteção institucional:

    • Criação de dispositivos legais para proteger juízes, promotores e servidores públicos envolvidos no combate às facções

    • Regras mais rígidas para a progressão de regime de integrantes já condenados

  • Destino de bens apreendidos:

    • Formulação de novos mecanismos para o uso de recursos e patrimônios tomados de facções, incluindo redistribuição para políticas públicas

Expansão das facções e novos territórios

O plano é apresentado num contexto de expansão territorial das principais facções criminosas do país nas últimas décadas.

A partir dos anos 2000, organizações como o Comando Vermelho (CV), com base no Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), oriundo de São Paulo, consolidaram parcerias com grupos locais, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.

Essas áreas se tornaram estratégicas para o tráfico internacional de drogas, servindo como rotas alternativas para o escoamento de entorpecentes vindos da América do Sul, rumo à Europa, com menor vigilância por parte das autoridades brasileiras.

PEC da Segurança e articulação no Congresso

Paralelamente ao "Plano Real da Segurança", o governo também articula no Congresso a aprovação da PEC da Segurança, que amplia a atuação da União na formulação de políticas públicas de segurança.

Os principais pontos da PEC:

  • Poder ampliado da União: passa a coordenar diretrizes nacionais para as forças de segurança.

  • Atuação da Polícia Federal: expansão das competências para investigar milícias e crimes ambientais, sem necessidade de federalização dos casos.

  • Nova PRF: a Polícia Rodoviária Federal passaria a se chamar Polícia Viária Federal, com responsabilidade ampliada para patrulhamento de ferrovias, hidrovias e rodovias.

Caminho legislativo 

A expectativa é que o projeto de lei do Plano Real da Segurança seja enviado ao Congresso ainda em setembro. O governo aposta na urgência do tema e no apelo popular da pauta para acelerar sua tramitação e aprovação.

Ao reforçar a articulação entre União, estados e municípios, e ao criar mecanismos mais duros contra o crime organizado, o governo buscará reverter a curva de crescimento das facções e promover uma reestruturação nacional na política de segurança pública.