O governo enfrentou um revés assim que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS foi formada e observou que adversários de Lula foram escolhidos para liderar a presidência e a relatoria da comissão, que são as funções mais relevantes.
A comissão foi estabelecida para investigar irregularidades em descontos inadequados sobre aposentadorias e pensões, um esquema que, conforme apontado pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), pode ter gerado perdas superiores a R$ 6,4 bilhões.
O Palácio do Planalto contava com indicações favoráveis ao Executivo para conter as investigações e prevenir prejuízos. Os apoiadores do governo enxergaram o acontecimento como uma surpresa, conforme comunicou o jornal O Globo nesta quarta-feira (20).
O senador Carlos Viana (Podemos-MG), que faz parte da oposição, obteve 17 votos, enquanto Omar Aziz (PSD-AM), que era visto como o favorito e tinha o respaldo de Lula e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), recebeu apenas 13. O presidente indicou o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), também da oposição, como relator da comissão.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), comentou que a estratégia foi elaborada em uma reunião com Viana e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
Um dos aspectos delicados para o governo envolve a possível convocação do ministro da Previdência, Carlos Lupi, de seu sucessor Wolney Queiroz, do presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e do ex-chefe da instituição Alessandro Stefanutto.
A estratégia dos aliados do governo será vincular as fraudes a administrações passadas, especialmente ao período do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Enquanto isso, apoiadores de Bolsonaro exigem a convocação de Frei Chico, irmão do presidente Lula, que tem ligação com o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), entidade mencionada em um relatório da CGU sobre possíveis fraudes, embora Chico não seja alvo de investigação e o sindicato negue qualquer irregularidade.