Caracas classifica como 'desespero' as 'ameaças e difamações' dos EUA

Na véspera, o presidente Nicolás Maduro ordenou o envio de 4,5 milhões de milicianos para todo o território venezuelano.

O governo da Venezuela classificou na terça-feira (19) como um ato de "desespero" dos EUA as "ameaças e difamações" que, segundo Caracas, Washington tem feito contra o país sul-americano e suas autoridades.

"O fato de Washington acusar a Venezuela de narcotráfico revela sua falta de credibilidade e o fracasso de suas políticas na região", afirma um comunicado divulgado pelo chanceler Yván Gil em seu canal no Telegram, no qual se destacam as conquistas venezuelanas no combate ao crime organizado desde a "expulsão" da Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) em 2005, que incluem "capturas bem-sucedidas, desmantelamento de redes e controle eficaz das fronteiras e costas".

"Essas ameaças não afetam apenas a Venezuela, mas colocam em risco a paz e a estabilidade de toda a região, incluindo a Zona de Paz declarada pela CELAC [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos], espaço que promove a soberania e a cooperação entre os povos latino-americanos", consideraram as autoridades.

Da mesma forma, o documento destaca que "cada declaração agressiva confirma a incapacidade do imperialismo de subjugar um povo livre e soberano", que demonstrou que "a verdadeira eficácia contra o crime é alcançada respeitando a independência dos povos".

"O povo de Bolívar e Chávez continuará vencendo qualquer tentativa de intervenção. A Venezuela é um farol de dignidade, resistência e segurança para a América Latina e o mundo", conclui o documento.

Tensões crescentes

No início de agosto, os EUA aumentaram para 50 milhões de dólares a recompensa por informações que levem à captura do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a quem acusam – sem qualquer prova – de liderar uma organização dedicada ao narcotráfico e de ter obtido benefícios econômicos dessa atividade ilícita, o que foi rejeitado pelos representantes do Estado venezuelano como um todo, bem como por países terceiros.

Na semana anterior, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, confirmou o envio de forças marítimas e aéreas ao sul do Mar do Caribe para combater o narcotráfico, um dos eixos centrais da política do governo Trump para a América Latina e o Caribe, que inclui a designação de vários cartéis como organizações terroristas.

Na véspera, a agência Reuters noticiou a chegada iminente de três navios de guerra americanos equipados com mísseis Aegis que, segundo fontes familiarizadas com a situação, seriam destacados por um período não especificado nas proximidades das águas venezuelanas para realizar operações contra o tráfico internacional de drogas.

Diante disso, Maduro advertiu os EUA que incursões não autorizadas em território venezuelano não serão toleradas. "Nossos mares, nossos céus e nossas terras são defendidos por nós, libertados por nós, vigiados e patrulhados por nós. Nenhum império virá tocar o solo sagrado da Venezuela, nem deveria tocar o solo sagrado da América do Sul", disse ele em uma intervenção televisionada.