Luis Arce com exclusividade à RT: 'a extrema-direita boliviana não teve lugar nas eleições'

No dia 17 de agosto, a Bolívia foi às urnas. Como resultado das eleições presidenciais, Rodrigo Paz Pereira e Jorge Quiroga irão para o segundo turno. A esse respeito, o atual presidente boliviano, comentou suas impressões sobre o dia democrático.

O presidente da Bolívia, Luis Arce, concedeu declarações exclusivas à RT na segunda-feira (18), após o primeiro turno das eleições presidenciais do dia anterior.

O presidente destacou a participação democrática do povo boliviano e destacou a contribuição de seu governo para que o processo eleitoral corra bem. "Mais uma vez o povo boliviano demonstrou sua vocação democrática indo às urnas, sem gerar problemas que pudessem distorcê-las. Então, estamos muito felizes com isso, contribuímos como governo", disse.

Ao mesmo tempo, Arce ressaltou desde o dia da eleição que "a extrema-direita boliviana não tinha lugar", o que, em sua opinião, reflete o desejo do povo boliviano. "Sempre apelei para a sabedoria do povo boliviano", disse o presidente.

Para ele, o povo boliviano se mostrou claro no desejo de não retornar aos tempos de neoliberalismo em que a "direita recalcitrante" governou o país, mas optou por opções mais moderadas, como a "centro-direita" comandada por Rodrigo Paz, que obteve 32% dos votos.

Referindo-se ao presidente argentina, Javier Milei, o mandatário boliviando disse que os resultados do primeiro turno das eleições nacionais mostraram que o povo escolheu não seguir o exemplo argentino, ou seja, não tolerar o discurso de extrema direita no cenário eleitoral.

"Aqui não há Mileis", ressaltou Arce. 

O legado de Arce para o novo governo

O atual presidente boliviano garante que parte de seu legado é a "industrialização do país" e ter conseguido recuperar a "democracia" que as pessoas tanto exigiram após o golpe de 2019, além de durante seu governo haver sido concluído o processo de entrada da entrada da Bolívia como Estado-membro do Mercosul e o alcance do status de Estado parceiro do grupo BRICS.

"Eu acredito que saberão valorizar o benefício que constitui estar em um grupo tão importante como o BRICS onde estão países como a China, a Índia, como próprio Brasil que também compartilhamos com o Mercosul", destacou Arce.

"Assumimos a responsabilidade de recuperá-lo, de guardá-lo, de mantê-lo, porque tivemos que lidar com bloqueios de estradas, marchas, até mesmo no ano passado uma tentativa de golpe que ocorreu em junho do ano passado. Enfrentamos tudo, mas preservamos a democracia", afirmou. "O melhor legado que vamos dar à nossa população e à pátria é poder, em seu bicentenário, fazer a transição democrática para o novo governo", concluiu Arce, que revelou que, depois de deixar o cargo, se dedicará a descansar antes de retomar a academia na Universidad Mayor de San Andrés.