Luis Arce com exclusividade à RT: 'a extrema-direita boliviana não teve lugar nas eleições'

O presidente da Bolívia, Luis Arce, concedeu declarações exclusivas à RT na segunda-feira (18), após o primeiro turno das eleições presidenciais do dia anterior.
O presidente destacou a participação democrática do povo boliviano e destacou a contribuição de seu governo para que o processo eleitoral corra bem. "Mais uma vez o povo boliviano demonstrou sua vocação democrática indo às urnas, sem gerar problemas que pudessem distorcê-las. Então, estamos muito felizes com isso, contribuímos como governo", disse.
Ao mesmo tempo, Arce ressaltou desde o dia da eleição que "a extrema-direita boliviana não tinha lugar", o que, em sua opinião, reflete o desejo do povo boliviano. "Sempre apelei para a sabedoria do povo boliviano", disse o presidente.
Para ele, o povo boliviano se mostrou claro no desejo de não retornar aos tempos de neoliberalismo em que a "direita recalcitrante" governou o país, mas optou por opções mais moderadas, como a "centro-direita" comandada por Rodrigo Paz, que obteve 32% dos votos.
Referindo-se ao presidente argentina, Javier Milei, o mandatário boliviando disse que os resultados do primeiro turno das eleições nacionais mostraram que o povo escolheu não seguir o exemplo argentino, ou seja, não tolerar o discurso de extrema direita no cenário eleitoral.
"Aqui não há Mileis", ressaltou Arce.
O legado de Arce para o novo governo
O atual presidente boliviano garante que parte de seu legado é a "industrialização do país" e ter conseguido recuperar a "democracia" que as pessoas tanto exigiram após o golpe de 2019, além de durante seu governo haver sido concluído o processo de entrada da entrada da Bolívia como Estado-membro do Mercosul e o alcance do status de Estado parceiro do grupo BRICS.
"Eu acredito que saberão valorizar o benefício que constitui estar em um grupo tão importante como o BRICS onde estão países como a China, a Índia, como próprio Brasil que também compartilhamos com o Mercosul", destacou Arce.
"Assumimos a responsabilidade de recuperá-lo, de guardá-lo, de mantê-lo, porque tivemos que lidar com bloqueios de estradas, marchas, até mesmo no ano passado uma tentativa de golpe que ocorreu em junho do ano passado. Enfrentamos tudo, mas preservamos a democracia", afirmou. "O melhor legado que vamos dar à nossa população e à pátria é poder, em seu bicentenário, fazer a transição democrática para o novo governo", concluiu Arce, que revelou que, depois de deixar o cargo, se dedicará a descansar antes de retomar a academia na Universidad Mayor de San Andrés.
- Os resultados das eleições presidenciais na Bolívia, realizadas neste domingo, 17 de agosto, no Dia das eleições gerais no país, colocaram Rodrigo Paz Pereira e Jorge Quiroga no segundo turno. O primeiro, candidato do Partido Democrata Cristão, obteve 32% dos votos, enquanto seu rival, da Aliança Livre, ficou em segundo lugar com 27%.
- Depois que o resultado foi conhecido, Arce parabenizou os cidadãos por exercerem seu direito e dever cívico e reiterou sua disposição de transferir o poder para quem for eleito pelo povo. Os bolivianos voltarão às urnas no dia 19 de outubro.
- "Temos certeza de que, no segundo turno, nossa população reafirmará mais uma vez que os bolivianos resolvem nossos problemas por meios pacíficos, demonstrando mais uma vez aquela vocação democrática que sempre nos caracterizou", escreveu o presidente na rede social X.
