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O que Ocidente não entende sobre o crescente poderio militar da China

A rápida modernização militar de Pequim alimenta o debate, mas um exame mais detalhado revela uma estratégia de defesa mais complexa e diferenciada, afirma o analista Ladislav Zemánek à RT.
O que Ocidente não entende sobre o crescente poderio militar da ChinaGettyimages.ru / Kevin Frayer

Nas últimas duas décadas, a China avançou significativamente em suas capacidades militares, movendo-se de uma dependência de importações para uma crescente autossuficiência.

A modernização do Exército de Libertação Popular (ELP) reflete reformas amplas e a ascensão da China como potência global, com avanços na produção de aeronaves de caça, fragatas, mísseis hipersônicos e sistemas não tripulados, opinou Ladislav Zemánek, o pesquisador do Instituto China-CEE da Academia Chinesa de Ciências Sociais de Budapeste, em um artigo à RT. 

Apesar das preocupações dos EUA e de seus aliados sobre a "ameaça chinesa", as capacidades militares da China ainda ficam aquém das potências ocidentais, especialmente em comparação com os Estados Unidos.

Sob a liderança de Xi Jinping, a reforma militar tem sido uma prioridade, abrangendo não apenas a modernização de equipamentos, mas também reformas institucionais com foco em eficiência e reestruturação.

"Narrativa para justificar o aumento dos gastos militares"

A doutrina militar chinesa, conhecida como "Pensamento de Xi Jinping sobre o Fortalecimento das Forças Armadas", visa transformar o Exército de Libertação Popular em uma força de classe mundial até 2049, com marcos importantes para 2027.

Apesar de alguns estrategistas ocidentais especularem sobre uma possível "invasão a Taiwan" nesse prazo, essa narrativa frequentemente serve para justificar o aumento dos gastos militares e a corrida armamentista na região, destacou o analista. 

Além disso, a expectativa em torno do desfile do Dia da Vitória, programado para 3 de setembro, revela os avanços significativos que a China tem feito em várias áreas militares, enfatizando sua crescente capacidade de dissuasão e defesa nacional.

"Desejo de salvaguardar a soberania"

A China está testando caças de sexta geração, o J-36 e o J-50, que prometem avanços em furtividade e velocidade, tornando-se um dos poucos países a operar caças furtivos. Além disso, é vista como líder global em mísseis hipersônicos, investindo em tecnologias convencionais e nucleares, apresentando desafios significativos para defesas existentes.

Os sistemas não tripulados estão ganhando destaque, com desenvolvimentos como drones de enxame, robôs biônicos do tamanho de mosquitos e o porta-drones "Nine Heavens", que pode lançar até 100 drones simultaneamente. 

No poder naval, a China opera atualmente dois porta-aviões e está testando o Fujian, com planos para um porta-aviões nuclear, o Tipo 004. 

O arsenal nuclear da China também está se expandindo, com estimativas sugerindo um crescimento anual de aproximadamente 100 ogivas.

Embora a modernização militar da China tenha inegavelmente acelerado, ela não é impulsionada por ambições expansionistas, mas pelo desejo de salvaguardar a soberania, dissuadir ameaças externas e equiparar sua estatura econômica global às correspondentes capacidades defensivas. O alarmismo ocidental, particularmente a fixação em um cronograma para a invasão de Taiwan, corre o risco de interpretar mal as intenções de Pequim e alimentar uma corrida armamentista desestabilizadora.