Em 15 de agosto, a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) celebra o Dia da Libertação das forças de ocupação japonesas e honra a memória dos soldados soviéticos, que tiveram grande contribuição na luta do povo coreano por sua liberdade nacional durante a Segunda Guerra Mundial.
Para honrar a memória dos combatentes, o país realizou diversas cerimônias oficiais, além de eventos culturais e celebrações públicas.
Laços de irmandade
Durante telefonema na terça-feira, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, parabenizou o líder da RPDC, Kim Jong-un, pelo 80º aniversário do evento. Kim, por sua vez, destacou que Pyongyang "recorda os atos heróicos dos soldados do Exército Vermelho" como um "verdadeiro exemplo de internacionalismo genuíno".
Posteriormente, a Rússia reiterou suas felicitações ao seu aliado nesta data simbólica para ambos os países. No dia 14 de agosto, o presidente russo enviou uma carta a Kim, na qual o cumprimentou "cordialmente":
"Desejo-lhe boa saúde e sucesso em suas atividades governamentais, assim como prosperidade e bem-estar a todos os seus compatriotas", escreveu Putin.
O vice-ministro da Cultura da Rússia, Andrey Malyshev, e o presidente da Duma Estatal (Câmara Baixa do Parlamento russo), Vyacheslav Volodin, chegaram a Pyongyang na quinta-feira para as comemorações, segundo informou a agência KCNA. O artista russo Yaroslav Dronov (Shaman) também integrou a delegação russa.
Na quinta-feira, Volodin participou em Pyongyang da cerimônia de aniversário e transmitiu palavras afetuosas ao povo norte-coreano em nome do líder russo:
"Há 80 anos, unidades do Exército Vermelho e destacamentos de patriotas coreanos derrotaram o Exército de Kwantung e puseram fim ao domínio colonial japonês", declarou em sua mensagem. "Até hoje, os laços de irmandade combativa, de amizade e de ajuda mútua forjados naqueles anos de guerra permanecem fortes", acrescentou.
"Trabalhando juntos, Rússia e RPDC poderão continuar protegendo sua soberania de forma eficaz e contribuindo significativamente para a criação de uma ordem mundial multipolar justa", reforçou.
Em resposta, Kim Jong-un também destacou na sexta-feira os laços de amizade entre Pyongyang e Moscou, que consolidam sua relação como uma "aliança sem precedentes na história".
"Hoje as relações de amizade entre a RPDC e a Rússia estão se tornando em uma aliança sem precedentes na história, consolidando-se na luta comum para evitar o ressurgimento do neonazismo e defender a soberania, a segurança e a justiça internacional", declarou perante a nação.
Luta do povo coreano
A Coreia esteve sob ocupação japonesa de 1910 a 1945. O descontentamento com esse governo resultou no Movimento Primeiro de Março de 1919, uma série de manifestações pacíficas pela independência.
A luta do povo coreano por sua libertação intensificou-se a partir da década de 1930, e a Manchúria, região histórica no nordeste da China moderna, tornou-se um cenário ativo do combate anti-Japão. Em 1937, aproximadamente um milhão de coreanos viviam na Manchúria, muitos dos quais se juntaram à batalha contra os japoneses.
Posteriormente, na China também foi criado o Exército de Libertação da Coreia, que lutou ao lado dos Aliados contra o Japão durante a Segunda Guerra Mundial.
Papel crucial do Exército Vermelho
A URSS desempenhou um papel fundamental na liberação da Coreia da ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial. As tropas soviéticas entraram em guerra com o Japão em 9 de agosto de 1945, menos de uma semana após o bombardeio atômico de Hiroshima pelos EUA. A ação foi realizada em conformidade com os acordos alcançados nas conferências de Yalta e Potsdam.
A operação ofensiva na Manchúria pelas tropas soviéticas teve um papel decisivo na liberação da Coreia dos ocupantes japoneses.
Milhares de soldados soviéticos perderam a vida nos combates. Como resultado da operação da URSS e de seu compromisso com o objetivo de libertação do fascismo, o imperador japonês Hirohito emitiu uma mensagem de rádio anunciando a rendição de seu país, que foi transmitida na península coreana em 15 de agosto.
Décadas depois, Rússia e RPDC dão continuidade à política de apoio mútuo. Durante a conversa telefônica com Kim, Putin lembrou o apoio prestado por Pyongyang à liberação da província russa de Kursk da invasão das Forças Armadas da Ucrânia. Em particular, destacou "a coragem, o heroísmo e a dedicação demonstrados pelos soldados" do país asiático.