Lula critica revogação de vistos e pede fim do embargo norte-americano a Cuba
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quinta-feira (14) a decisão do governo norte-americano de revogar os vistos de funcionários do governo brasileiro, ex-funcionários da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e de seus familiares.
Entre os brasileiros afetados estão Mozart Julio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais da pasta.
Lula defendeu o programa Mais Médicos, realizado em cooperação com Cuba, e destacou que a relação do Brasil com o país caribenho é pautada pelo respeito.
"O fato deles caçarem o Mozart foi por causa de Cuba. Então, é importante eles saberem que a nossa relação com Cuba é uma relação de respeito a um povo que está sendo vítima de um bloqueio há 70 anos. Hoje, estão passando necessidade, em um bloqueio que não há nenhuma razão. Os Estados Unidos fez uma guerra, perdeu", disse o presidente.
O mandatário brasileiro ainda pediu a Mozart para não se sentir chateado com a decisão imposta pelos EUA, pois "o mundo é muito grande e você tem lugar para caramba para andar no Brasil".
Fim do embargo econômico
Em seu discurso, Lula pediu o fim do embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba.
"Aceite que perdeu e deixa os cubanos viverem em paz, deixa os cubanos viverem a sua vida. Não fiquem querendo mandar no mundo", declarou.
Os Estados Unidos mantêm há mais de 60 anos um bloqueio econômico a Cuba, com o objetivo de pressionar mudanças na política do país. A exportação de médicos é uma das principais formas de Cuba obter recursos diante do bloqueio, e o governo de Donald Trump tem buscado coagir os países que recebem esses profissionais.
De acordo com dados do Ministério da Saúde de Cuba, em mais de 60 anos Havana já exportou 605 mil médicos, que atuaram em 165 países.
Falta médicos
Em seu terceiro mandato, Lula destacou que uma parte da população brasileira não tem acesso à saúde básica e que a decisão de enviar médicos a essas regiões cabe exclusivamente ao governo federal.
O presidente acrescentou que parte da classe médica brasileira é contrária ao programa social e ao envio de profissionais cubanos, pois "uma parte elitista da saúde nesse país que acha que não falta médico".
"Agora, os prefeitos sabem que falta médico. Mesmo para levar para a periferia mais violenta, é difícil você ter médico que quer ir", disse Lula, ressaltando que a maioria dos profissionais deseja atuar nas capitais, em vez dos interiores.
- O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou na quarta-feira (13) ter adotado as restrições de vistos porque os funcionários estariam envolvidos diretamente em um esquema que "explora trabalhadores médicos cubanos por meio de trabalho forçado", que beneficiaria o governo cubano.
- De acordo com Rubio, recursos financeiros destinados aos profissionais cubanos do programa Mais Médicos estariam sendo "desviados". Entretanto, nenhuma prova foi apresentada.
