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'Do confronto ao diálogo': Putin e Trump dão coletiva de imprensa no Alasca após cúpula bilateral

Os contatos marcaram o primeiro encontro entre presidentes da Rússia e dos EUA desde junho de 2019, quando Putin e Trump se reuniram na cúpula do G20, no Japão.
'Do confronto ao diálogo': Putin e Trump dão coletiva de imprensa no Alasca após cúpula bilateral

Os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump, concederam nesta sexta-feira (15) uma conferência de imprensa a jornalistas na cidade de Anchorage, no Alasca, que sediou conversas bilaterais entre os dois líderes.

No início da coletiva, Putin disse que as negociações foram realizadas em "um ambiente construtivo e de respeito mútuo" e agradeceu ao presidente norte-americano por seu convite para o Alasca.

Ele disse que era "lógico" realizar a reunião lá, já que Rússia e EUA são vizinhos próximos:"Quando nos encontramos, eles desceram do avião e eu disse: 'Bom dia, caro vizinho, fico feliz em vê-lo'", disse ele.

Segundo Putin, "também é importante enfatizar que uma parte significativa da história compartilhada pela Rússia e pelos EUA, muitos eventos positivos, estão ligados ao Alasca".

O presidente russo lembrou que há muitos eventos históricos em que Moscou e Washington "derrotaram juntos inimigos comuns em um espírito de camaradagem e aliança, oferecendo ajuda e apoio mútuos". "Estou confiante de que este legado nos ajudará a restaurar e construir relações mutuamente benéficas e equitativas, já em um novo estágio, mesmo nas condições mais difíceis", afirmou.

"Do confronto ao diálogo"

Vladimir Putin enfatizou que as relações de alto nível entre Moscou e Washington não existiam há mais de quatro anos, o que é um período longo: "O período passado foi muito complicado para as relações bilaterais e, sejamos francos, elas atingiram o ponto mais baixo desde a Guerra Fria. E isso não beneficia nem nossos países nem o mundo em geral", disse.

"É claro que, mais cedo ou mais tarde, a situação teve que ser corrigida e tivemos que passar do confronto ao diálogo."

O presidente russo observou que tem "contatos diretos muito bons" com Trump, acrescentando que eles falaram por telefone várias vezes e que várias visitas do enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, à Rússia foram organizadas.

Conflito ucraniano, tema central

Ao comentar as negociações no Alasca, Putin indicou que uma das questões centrais era o conflito na Ucrânia. Ele afirmou que Moscou vê o desejo do governo norte-americano e do próprio presidente Trump de contribuir para a resolução do conflito.

"Já disse em diversas ocasiões que, para a Rússia, os eventos na Ucrânia estão relacionados a ameaças fundamentais à nossa segurança nacional", reiterou, enfatizando que o povo ucraniano é "irmão" dos russos, ao destacar que Moscou deseja alcançar uma paz duradoura e sustentável.

Putin afirmou que concorda com Trump que "a segurança da Ucrânia também deve ser garantida".

O presidente russo declarou: "Queremos estar confiantes de que o entendimento alcançado [...] abrirá caminho para a paz na Ucrânia. Confiamos que Kiev e as capitais europeias abordarão o assunto de forma construtiva, não criarão obstáculos" e que "não tentarão minar o progresso com provocações e intrigas de bastidores".

Putin enfatizou que, sob o governo Trump, "o comércio bilateral começou a aumentar" e atingiu um crescimento em 20%,  destando o "enorme potencial" da cooperação comercial.

"A Rússia e os EUA têm muito a oferecer um ao outro em comércio, energia, esfera digital, alta tecnologia e exploração espacial", observou Putin, acrescentando que também vê "enorme potencial" na cooperação no Ártico e na "retomada dos contatos inter-regionais", inclusive entre o Extremo Oriente russo e a Costa Oeste dos EUA.

"É importante e necessário que nossos países virem a página e retomem a cooperação", afirmou.

Ao final de sua fala à imprensa, Putin agradeceu a Trump "pelo trabalho conjunto, pelo tom cordial e confiante da conversa" e expressou a esperança de que essas negociações se tornem um "trampolim não apenas para a resolução da questão ucraniana, mas também marquem o início da restauração das relações comerciais e pragmáticas entre a Rússia e os Estados Unidos".

Putin afirmou que, se Trump tivesse sido presidente dos EUA em 2022, o conflito entre Moscou e Kiev não teria começado. "Hoje ouvimos o presidente Trump dizer: 'Se eu tivesse sido presidente, não teria havido guerra'. Eu acho que é realmente assim", disse ele.

Trump: uma reunião "extremamente produtiva"

Por sua vez, o presidente dos EUA descreveu a reunião como "extremamente produtiva", ressaltando que "muitos pontos foram acordados".

"Isso é importante. Um deles é provavelmente o mais significativo. Temos uma chance muito boa de consegui-lo. Não conseguimos agora, mas as chances são altas. Gostaria de agradecer ao presidente Putin e a toda a sua equipe", acrescentou.

Trump prometeu que manteria conversas com outros líderes ocidentais para informá-los sobre os resultados da reunião.

Durante sua fala, o ele se referiu ao escândalo conhecido como "Russiagate", no qual Moscou foi acusada de interferir nas eleições americanas de 2016. Trump disse que tanto ele quanto Putin sabiam que se tratava de "uma farsa".

Ele também enfatizou que "sempre teve um relacionamento fantástico com o presidente Putin" e indicou que um segundo encontro poderia ocorrer "muito em breve". "Conversaremos em breve e provavelmente nos veremos novamente em breve. Muito obrigado, Vladimir", disse Trump.

"Da próxima vez, em Moscou", respondeu Putin imediatamente. "Ah, isso é interessante. Não sei. Vou ser criticado por isso. Mas vejo que pode acontecer. Muito obrigado, Vladimir", respondeu o presidente dos EUA ao convite.

Os contatos marcam o primeiro encontro entre os presidentes desde 28 de junho de 2019, quando Putin e Trump se reuniram na cúpula do G20, no Japão.

Entenda o peso simbólico do Alasca para a reunião entre Putin e Trump em nosso artigo.

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