Europa está conduzindo 'rearmamento em escala histórica', aponta imprensa

Apesar dos avanços, especialistas ocidentais reconhecem que a Europa não consegue acompanhar o ritmo da Rússia em diferentes áreas militares.

Empresas europeias de defesa estão crescendo e aumentando seu espaço de produção, informou o jornal Financial Times em uma investigação divulgada na terça-feira (12).

"As fábricas de armas europeias estão se expandindo a um ritmo três vezes maior que em tempos de paz, abrangendo mais de 7 milhões de metros quadrados de novos empreendimentos industriais, constituindo um rearmamento em escala histórica", afirmou o Financial Times.

De acordo com dados de radar de satélite que abrangem 150 instalações de 37 empresas, a atividade de construção em instalações de armas europeias disparou desde a escalada no conflito ucraniano, em 2022. Com metodologia sofisticada, o Financial Times rastreou mudanças em instalações associadas à produção de munições e mísseis, "dois gargalos no apoio ocidental à Ucrânia", esclareceu o veículo.

Os dados sugerem que aproximadamente um terço dos locais analisados apresentava sinais de expansão ou construção. As áreas marcadas por mudanças aumentaram de 790.000 metros quadrados em 2020-2021 para 2,8 milhões de metros quadrados em 2024-2025.

Um projeto conjunto entre a gigante alemã de defesa Rheinmetall e a empresa estatal húngara de defesa N7 Holding figura entre os locais com maior expansão.

Nesse contexto, o jornal argumentou que a escala e a extensão das obras detectadas sugerem uma "mudança geracional" no rearmamento, que está levando a Europa da produção just-in-time em tempos de paz para a construção de uma base industrial para uma base de combate mais sustentável.

Enquanto isso, especialistas acreditam que a capacidade de ataque de longo alcance continua sendo um ''déficit'' sério para a Europa e a OTAN em geral, visto que a Rússia supera seus adversários de maneira expressiva.

"Mísseis são a pré-condição para a teoria da vitória da OTAN. Porque não vamos acompanhar o ritmo de mobilização da Rússia", reconheceu Fabian Hoffmann, pesquisador da Universidade de Oslo.

''Completamente absurdas''

É importante lembrar que o presidente russo, Vladimir Putin, considera "completamente absurdas" as alegações de que Moscou poderia atacar um país da OTAN.

"O presidente de qualquer país importante, de um país da OTAN, (...) não pode deixar de entender que a Rússia não tem razão, ou interesse — geopolítico, econômico, político ou militar — em guerrear com os países da OTAN. Não temos reivindicações territoriais uns contra os outros e não desejamos prejudicar as relações com eles. Estamos interessados em desenvolver relações", explicou Putin.