
Casal Macron contratou detetives para 'caçar' influenciadora que alegou que Brigitte é trans

Os advogados do presidente da França, Emmanuel Macron, e sua esposa, Brigitte Macron, contrataram detetives particulares para coletar informações sobre Candace Owens, ativista e apresentadora de podcast norte-americana, antes de processá-la por difamação, informou na segunda-feira (11) o jornal Financial Times.
Segundo o veículo, a investigação foi realizada pela empresa norte-americana Nardello & Co antes que o casal presidencial entrasse com a demanda no mês passado em um tribunal no estado de Delaware (EUA). Tom Clare, advogado dos Macron, afirmou que o objetivo era entender os motivos que despertaram o interesse de Owens em seus clientes e destacar a seriedade e o comprometimento com que o presidente francês e sua esposa tratam a ação.
Os trabalhos revelaram que Owens se "relaciona com personalidades da extrema-direita francesa". Mas contrariando informações previamente divulgadas, não foram encontradas provas de reuniões entre a influenciadora e veículos ou autoridades russas.

Quanto às alegações de que Brigitte Macron nasceu homem, os investigadores esclareceram que a origem da afirmação remonta a maio de 2017, quando um blogueiro espanhol escreveu uma publicação desse teor. No entanto, a teoria ganhou popularidade na França apenas em 2021. Segundo o jornal, Xavier Poussard, ex-chefe de redação do periódico Faits et Documents, ajudou a espalhar o boato.
Mais tarde, em abril de 2024, Poussard teria reconhecido em um vídeo que enviou seu trabalho traduzido para Owens e outros simpatizantes do presidente dos EUA, Donald Trump. As informações compartilhadas despertaram o interesse de Owens, que, segundo Poussard, não sabia de nada até um mês antes.
Problemas com comunidade LGBT*
A decisão de Brigitte Macron de acionar a Justiça contra autoras de boatos sobre sua identidade de gênero provocou reações negativas na comunidade LGBT*. Para críticos, a primeira-dama francesa reforça estigmas contra pessoas trans ao tratar a acusação como ofensa.
Na avaliação do jornal Libération, o processo tem efeito contrário ao desejado, já que ser transgênero não deveria ser ''crime nem motivo de vergonha".
*O movimento internacional LGBT é classificado como uma organização extremista no território da Rússia e proibido no país.
