Após vídeo de Felca, Câmara promete projeto contra 'adultização' infantil nas redes sociais

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, anunciou que irá pautar projetos para restringir conteúdos que sexualizam crianças e adolescentes nas plataformas digitais.

O youtuber e humorista Felca publicou, na última quarta-feira (6), um vídeo que já ultrapassou 28 milhões de visualizações. No conteúdo, ele denuncia detalhadamente a adultização e a exploração de crianças e adolescentes nas redes sociais.

Em resposta, nesta segunda-feira (11), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), afirmou que irá pautar projetos para combater e restringir a circulação desses conteúdos, especialmente aqueles que envolvem crianças e adolescentes em situações inadequadas, como o uso de roupas reveladoras, danças sensuais ou conversas de teor sexual nas plataformas digitais.

"O vídeo do Felca sobre a 'adultização' das crianças chocou e mobilizou milhões de brasileiros. Na Câmara, há uma série de projetos importantes sobre o assunto. Nesta semana, vamos pautar e enfrentar essa discussão.", publicou Motta na plataforma X.

Um projeto de lei aprovado pelo Senado em novembro de 2024, mas que aguarda análise na Comissão de Comunicação da Câmara desde o começo deste ano, trata justamente desse tema. Conforme relatado pelo G1, a proposta determina que plataformas digitais com público menor de idade implementem medidas específicas de segurança para proteger crianças e adolescentes durante o uso das redes sociais.

Veja os principais pontos do projeto de lei sobre proteção de menores nas plataformas digitais:

Entenda o caso

O youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, trouxe à tona uma discussão preocupante em um vídeo de 50 minutos, apontando o influenciador Hytalo Santos, que acumulava mais de 17 milhões de seguidores, como exemplo de um comportamento que sexualiza e expõe crianças e adolescentes de forma inadequada.

No vídeo, Felca apresenta cenas em que Hytalo Santos exibe um estilo de vida luxuoso, acompanhado por jovens e crianças em situações com conotação sexual, como danças sensuais e festas com adultos.

Um dos casos destacados é o de Kamylinha Santos, que ingressou na chamada "Turma do Hytalo" aos 12 anos. Agora com 17, ela foi, ao longo do tempo, exposta a conteúdos cada vez mais sugestivos, incluindo apresentações para públicos adultos.

A jovem, que já teve uma conta com quase 10 milhões de seguidores, viu seu perfil ser desativado após a repercussão do vídeo, assim como o de Hytalo.

Outros casos

Além do caso de Hytalo Santos, Felca também destacou em seu vídeo outras situações preocupantes envolvendo crianças influenciadoras. Um dos exemplos citados foi o canal "Bel Para Meninas", que ganhou atenção do Ministério Público do Rio de Janeiro em 2020, devido a suspeitas de comportamentos abusivos da mãe da criança em alguns vídeos.

Felca mencionou ainda a menor Caroliny Dreher, cujo conteúdo íntimo, segundo o youtuber, teria sido vendido pela própria mãe para uma rede de pedófilos que atuam em plataformas como o Telegram.

O influenciador ressaltou que, embora o tema seja repulsivo, é fundamental que seja discutido abertamente. Ele também afirmou estar preparado para assumir todas as consequências decorrentes das denúncias feitas em seu vídeo.