Decisão de Lula de sair de aliança sobre Holocausto é 'erro estratégico', diz Museu do Holocausto

Diretor do museu expressou preocupação com a medida, considerando-a um "retrocesso" na política externa do país.

A decisão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de retirar o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) provocou reações divergentes dentro e fora do país.

Entre os críticos está o diretor do Museu do Holocausto de Curitiba, Carlos Reiss, que avalia que a medida rompe com uma tradição de participação brasileira em fóruns multilaterais.

"Abandonar iniciativas multilaterais é sempre um erro estratégico", afirmou ao jornal Folha de S.Paulo. "É triste", completou. Para ele, a retirada contraria princípios estabelecidos no artigo 4º da Constituição, que orientam a política externa brasileira para a cooperação entre os povos.

O posicionamento de Reiss se soma ao do governo de Israel e da Confederação Israelita do Brasil (Conib), que classificaram a medida como "retrocesso moral". Já o professor Michel Gherman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), considera que a IHRA atua como "lobby evangélico, branco e de direita para silenciar críticos de Israel" e apoiou a saída brasileira, informou o portal Poder360.

O diretor afirma que ainda não recebeu notificação formal sobre seu desligamento e acredita que seja possível rever a decisão. Para ele, críticas a Israel devem ser admitidas, mas sem responsabilizar coletivamente povos inteiros nem negar o direito de autodeterminação.