ONU chama a Colômbia de "modelo" por priorizar o diálogo para alcançar a paz
Apesar das tensões que surgiram nas últimas semanas entre o Governo e os grupos armados por causa da suspensão do cessar-fogo nos departamentos de Nariño, Cauca e Valle del Cauca, o representante especial do secretário-geral das Nações Unidas na Colômbia, Carlos Ruiz Massieu, definiu o país como um "modelo" por sua busca pela paz por meio do diálogo.
Durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York (EUA), realizada na terça-feira, 9 de abril, Ruiz Massieu garantiu que "por mais difícil e demandante de paciência que seja", a decisão de "dar prioridade ao diálogo como principal meio para resolver o conflito, distingue o país como um modelo que é mais relevante do que nunca no mundo de hoje".
Nesse sentido, assegurou que "há um profundo desejo de paz na Colômbia", que se estende "desde os mais altos níveis do Governo e das instituições do Estado, passando pela sociedade civil e chegando até as comunidades vulneráveis das regiões ainda assoladas pelo conflito".
"O principal desafio para transformar essa aspiração em realidade é canalizar a abundante vontade política e o impressionante ímpeto da sociedade civil em dividendos de paz cada vez mais tangíveis no terreno", acrescentou.
Com relação ao progresso das negociações com o grupo conhecido como Estado Mayor Central (EMC), um dissidente das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Ruiz Massieu disse aos membros do Conselho de Segurança que as partes devem "permanecer focadas em resolver suas diferenças na mesa de negociações, apesar das dificuldades atuais". Para isso, afirmou, "é essencial que eles aproveitem o progresso feito até agora e deem sinais claros de sua vontade de paz", acrescentando que "qualquer hostilidade contra a população civil envia a mensagem oposta, corroendo a confiança entre as partes e a sociedade".
A tensão entre o Governo e o EMC aumentou nas últimas semanas, após acusações contra o grupo armado de ter atacado "a população civil, incluindo organizações e líderes sociais que resistiram às suas ações violentas" em Nariño, Cauca e Valle del Cauca. Em resposta, o executivo anunciou em 17 de março a suspensão do cessar-fogo e a retomada das operações militares e policiais contra o EMC nessas regiões.
Agradecimento do Governo
Após a apresentação do representante especial do secretário-geral da ONU na Colômbia, o chanceler do país sul-americano, Luis Gilberto Murillo, expressou sua gratidão pelo apoio recebido.
"Como nação, reconhecemos e valorizamos o apoio unânime da comunidade internacional, representada neste Conselho [...]. Apoio que foi expresso de forma ampliada com sua visita ao nosso país em fevereiro passado", afirmou.
Posições internacionais
No âmbito da reunião da ONU em Nova York, os representantes de diferentes países que compõem o Conselho de Segurança expressaram sua opinião sobre a situação na Colômbia. No caso do Reino Unido, referiu-se ao Acordo de Paz de 2016: "Saudamos o compromisso com a plena implementação, essa foi uma das principais mensagens que ouvimos".
"A Colômbia continua sendo um exemplo único de inspiração, onde o Governo não só se comprometeu a implementar uma série de medidas para a reconciliação nacional, mas pediu ao Conselho que acompanhasse e monitorasse o processo", acrescentou o delegado russo.
Por sua vez, a França reiterou seu "apoio ao processo de paz na Colômbia" e acrescentou que "a implementação total do Acordo de Paz de 2016 é primordial", enquanto a China pediu para "promover o diálogo e a construção da paz".