O governo da Venezuela qualificou como "a cortina de fumaça mais ridícula que já vimos" o aumento da recompensa anunciado na quinta-feira (7) pela procuradora-geral dos EUA, Pamela Bondi, contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro.
Washington acusa Maduro há anos, sem provas, de envolvimento em atividades ligadas ao narcotráfico.
"A patética 'recompensa' de Pamela Bondi é a cortina de fumaça mais ridícula que já vimos. Enquanto desmontamos as tramas terroristas orquestradas a partir do seu país, essa senhora faz um circo midiático para agradar à ultradireita derrotada da Venezuela", escreveu o chanceler Yvan Gil em seu canal no Telegram, referindo-se a um atentado denunciado pelo ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, ligado à Casa Branca.
"Nós não nos surpreendemos, vindo de quem vem", continuou o diplomata, citando a promessa não cumprida de Bondi de divulgar a "lista secreta" de Jeffrey Epstein.
"Seu show é uma piada, uma distração desesperada de suas próprias misérias. A dignidade da nossa pátria não está à venda. Repudiamos essa burda operação de propaganda política", concluiu.
O que diz os EUA?
Bondi anunciou, em vídeo divulgado em sua conta no X, que os Departamentos de Estado e Justiça definiram "uma recompensa histórica de 50 milhões de dólares por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro", alegando que ele utiliza "organizações terroristas estrangeiras, como o TDA Trem de Aragua, desmantelado na Venezuela, e os cartéis de Sinaloa e dos Soles, para introduzir drogas letais e violência" nos Estados Unidos.
Para respaldar as acusações, a procuradora citou apreensões certificadas pela Administração de Controle de Drogas (DEA) alegando que estas estariam "vinculadas a Maduro" e seriam uma "fonte fundamental" de receita para cartéis com sede na Venezuela e no México.
No entanto, relatório recente do Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas indica que a Venezuela é apenas um país de trânsito para cocaína produzida na Colômbia, Peru e Bolívia. Não há evidências da existência de grandes cartéis no território venezuelano, e as apreensões reportadas são provenientes da Colômbia.