Armênia deve conceder aos EUA controle de corredor estratégico no Cáucaso - imprensa

Território por onde passa rota de transporte entre o Azerbaijão e o enclave de Naquichevão pode ser administrado pelos Estados Unidos como parte de acordo de paz.

A Armênia está disposta a conceder aos Estados Unidos direitos especiais de desenvolvimento sobre o corredor de trânsito que liga o território principal do Azerbaijão ao enclave de Naquichevão, atravessando o território armênio.

A informação é da agência Reuters, com base em fontes próximas às negociações de paz entre os dois países, atualmente em andamento em Washington.

O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pachinian, e o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, devem se encontrar nesta sexta-feira com o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, na Casa Branca, para discutir os termos do tratado e participar da cerimônia de assinatura. Segundo autoridades norte-americanas, o documento representa uma "via concreta para a paz" e também aborda o trânsito de mercadorias e recursos na região.

Um dos principais obstáculos ao comércio entre os dois países é o corredor de transporte que conecta o Azerbaijão continental ao enclave de Naquichevão, que faz fronteira com a Turquia, passando por território armênio. Para superar as divergências com Bacu, Pachinian pretende conceder aos Estados Unidos direitos exclusivos de desenvolvimento sobre esse corredor por um período prolongado.

A via deve ser batizada de "Rota Trump para a Paz e a Prosperidade Internacional" (TRIPP, na sigla em inglês). De acordo com a proposta, o trajeto será operado sob a legislação da Armênia, enquanto os Estados Unidos subarrendariam o terreno a um consórcio responsável pela infraestrutura e gestão do local.

"Através de meios comerciais, esta medida desbloqueará a região e evitará novas hostilidades", afirmou uma das fontes ouvidas pela Reuters.

A iniciativa ocorre após décadas de conflito entre Armênia e Azerbaijão por conta da região de Nagorno-Carabaque, marcada por sucessivos confrontos desde a guerra travada entre 1988 e 1994. Em 2020, os países voltaram a se enfrentar em um conflito de 44 dias. Em outubro de 2023, Pachinian assinou uma declaração reconhecendo Nagorno-Carabaque como parte do território azeri, o que possibilitou o avanço das negociações atuais.