Lula planeja elaborar uma resposta conjunta dos BRICS às tarifas impostas por Trump

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pretende ligar para os líderes dos países membros dos BRICS, começando pela Índia e pela China, para discutir a possibilidade de uma resposta conjunta às tarifas impostas pelos Estados Unidos, informou a Reuters nesta quarta-feira.

Além disso, Lula afirmou que não pretende se "humilhar" ligando para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir as tarifas de até 50% impostas ao Brasil.

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"No dia em que minha intuição disser que Trump está pronto para conversar, não hesitarei em ligar para ele", disse Lula. "Mas hoje minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar".

Apesar das tarifas, o presidente descartou, por ora, adotar medidas de retaliação. Segundo ele, a expectativa é de que ministros do governo consigam abrir um canal de diálogo com a equipe norte-americana.

Durante a entrevista, Lula avaliou que as relações entre Brasil e Estados Unidos vivem um dos momentos mais críticos dos últimos 200 anos. A tensão diplomática aumentou após Trump sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que as ações contra ele representam uma "caça às bruxas".

Comércio com BRICS e Europa

Segundo a Reuters, a economia brasileira pode não sofrer grande impacto com as sanções dos Estados Unidos, graças aos laços comerciais sólidos que o país mantém com a China. Na última década, as exportações brasileiras para o país asiático cresceram significativamente, chegando a representar 28% do total das vendas externas do Brasil.

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Trump publicou um decreto executivo que estabeleceu isenções para determinados setores, como aeronaves, energia e até o suco de laranja. Com isso, a tarifa que começa a valer nesta quarta-feira atingirá cerca de 36% do valor das exportações brasileiras para os EUA, segundo estimativas feitas em Brasília.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou recentente que, embora o Brasil dependa dos Estados Unidos em alguns setores, o país também mantém relações comerciais fortes com blocos e países importantes: "O Brasil depende dos Estados Unidos, é verdade, mas também dos países do BRICS, da Europa, do Mercosul", citando na lista China, Índia e Rússia, além dos países sul-americanos.

STF ignora Trump

Questionado na entrevista sobre a posição do Supremo Tribunal Federal, Lula disse que a Corte "não se importa com o que Trump diz, nem deveria", em referência às sanções aplicadas por Washington contra ministros do STF.

O presidente também criticou a postura de Bolsonaro por, segundo ele, estimular a intervenção de Trump em assuntos internos do Brasil. Lula chamou o ex-mandatário de "traidor da pátria" e defendeu a abertura de um novo processo contra ele.

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