Há um ano, no dia 6 de agosto de 2024, unidades das Forças Armadas da Ucrânia cruzaram a fronteira com a Rússia, invadindo o território da província de Kursk. O ataque teve como alvo a cidade de Sudzha, capital do distrito homônimo, que caiu quase imediatamente sob controle ucraniano.
Milhares de civis permaneceram no território ocupado, muitos deles obrigados a sobreviver sob bombardeios, sem comida, água nem medicamentos. Ainda que as autoridades russas tenham organizado rapidamente a evacuação da população local, deslocando mais de 120.00 residentes das áreas fronteiriças, essas pessoas escaparam sob fogo do regime de Kiev, arriscando suas vidas.
Resposta da Rússia
Desde o primeiro dia da invasão ucraniana, Moscou deslocou unidades adicionais para a província de Kursk. Em 7 de agosto, foi declarado estado de emergência na região e, alguns dias depois, entrou em vigor o regime de operação antiterrorista.
Uma semana após a ofensiva de Kiev, o Exército russo conseguiu deter o inimigo, que havia avançado 12 quilômetros no interior da região. No final de agosto, a linha de frente em Kursk foi estabilizada. Durante o primeiro mês de sua operação, as tropas ucranianas perderam mais de 10.400 soldados, segundo dados do Ministério da Defesa da Rússia.
Em meados de setembro, os militares russos informaram pela primeira vez a libertação simultânea de dez vilas e aldeias na região. Durante a retomada, realizada no período do outono-inverno, as Forças Armadas russas cercaram progressivamente a cidade de Sudzha, fortificada pelas tropas ucranianas. Em janeiro de 2025, a Rússia recuperou o controle de aproximadamente 63% dos territórios ocupados pelo regime de Kiev, comunicou o Ministério da Defesa russo.
Operação histórica
No início de março, as tropas russas realizaram a operação denominada extraoficialmente "Truba" ("Gasoduto", em russo). Mais de 800 militares, de diversas unidades do Exército, se deslocaram pelos canos vazios de um gasoduto, que antes enviava gás da Rússia para a Europa, com o objetivo de alcançar a retaguarda ucraniana. Em quatro dias, os soldados russos andaram por 15 quilômetros sob a terra, emergindo na superfície no edifício da estação de medição de gás de Sudzha, surpreendendo o inimigo.
Após a operação bem-sucedida das forças russas, a guarnição ucraniana em Kursk se viu ameaçada de ser cercada e destruída por completo. Nos dias seguintes, as Forças Armadas da Ucrânia retrocederam rapidamente, enquanto os militares russos libertavam novas localidades.
"A aventura da Ucrânia foi um completo fracasso"
Em 12 de março, as forças russas içaram a bandeira tricolor na praça central da cidade de Sudzha e iniciaram a expulsão do inimigo das fronteiras do Estado.
Já no dia 26 de abril, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov, informou ao presidente russo, Vladimir Putin, sobre a conclusão da operação para libertar a província de Kursk. A vila de Gornal foi o último local a passar para o controle russo.
As perdas totais das tropas ucranianas superaram 76.000 militares. Além disso, foram destruídas mais de 7.700 unidades de equipamento do inimigo. Putin destacou que "a aventura do regime de Kiev fracassou por completo, e as enormes perdas sofridas pelo inimigo, inclusive entre as forças mais preparadas para o combate, treinadas e equipadas com material ocidental, como unidades de assaltos e forças especiais, repercutirão sem dúvida em toda a linha de frente".
Ataques ucranianos contra civis
O regime de Kiev alvejava notadamente a infraestrutura civil, não apenas com drones, mas também com ataques de mísseis.
No último 20 de dezembro, a cidade de Ryslk foi atacada com dez mísseis HIMARS, produzidos pelos EUA. Cinco pessoas morreram e outras 12, entre elas uma criança, ficaram feridas. O ataque atingiu um centro cultural local, uma escola, uma universidade e outras infraestruturas sociais. Dias depois, a Ucrânia lançou outro ataque com seis projéteis similares contra a instalações civis da cidade de Lgov, causando a morte de três civis.
Como resultado da invasão da Ucrânia na região, 331 civis morreram, outros 553, incluindo 25 menores, ficaram feridos e 14.000 residentes foram reconhecidos como vítimas, detalhou o Comitê de Investigação da Rússia.
"Fraternidade invencível": participação norte-coreana
Os militares da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) desempenharam um papel importante na libertação da região. O líder norte-coreano, Kim Jong-Un, tomou a decisão de mobilizar as tropas para a fronteira russa, considerando que a situação se enquadrava no artigo 4 do Tratado de Associação Estratégica Integral entre os dois países. Nesse sentido, qualificou como uma "missão sagrada" a participação da RPDC na operação.
Por sua parte, o presidente russo agradeceu em múltiplas ocasiões às unidades militares da RPDC por sua participação na libertação de Kursk, destacando que os soldados norte-coreanos ajudaram as forças russas "em plena conformidade com o direito internacional" e com o tratado entre Moscou e Pyongyang.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, também destacou:
"heroicos militares, combatentes do Exército Popular Coreano, juntamente com combatentes russos, ao custo de sangue e até mesmo de suas vidas, aproximaram a libertação da região de Kursk dos nazistas ucranianos"
Nesse sentido, indicou que a atuação norte-coreana é uma confirmação direta da "fraternidade invencível" que caracteriza os laços entre a Rússia e a RPDC.
Zona tampão de segurança
Atualmente, Kursk voltou a ter uma vida pacífica após a expulsão das tropas ucanianas. Diante dos contínuos ataques de Kiev contra civis, o presidente russo comunicou no final de maio que as Forças Armadas do país estão criando uma zona tampão de segurança na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia.
Nos últimos meses, o regime de Kiev intensificou os ataques com drones e mísseis contra civis em territórios fronteiriços russos, lançando-os da província ucraniana de Sumy, a mesma da qual se originou a incursão contra Kursk. As constantes agressões contra a população civil da província russa obrigaram as autoridades a tomarem medidas, entre elas a criação da zona tampão.