O governo da Espanha congelou indefinidamente o plano de aquisição de caças F-35 Lightning II dos EUA em uma decisão estratégica que reforça a autonomia militar europeia, informou nesta quarta-feira (6) o jornal El País, com base em fontes oficiais.
Segundo a mídia, fontes do governo confirmaram a suspensão das negociações após a aprovação de um plano que destinará 85% dos investimentos em defesa à indústria do continente. A medida atende a dois objetivos: reduzir dependência dos EUA e preparar uma transição tecnológica.
As consequências serão mais urgentes para a Marinha, onde os aviões AV-8B Harrier – operados há 50 anos – serão aposentados até 2030. Como solução, a estatal Navantia avaliará a construção de um novo porta-aviões com pista integral, compatível com caças de fabricação francesa.
A Força Aérea do país também planeja aposentar os últimos F-18 até 2035 e já renovou parte da frota com aviões Eurofighters, caças de produção conjunta de vários países europeus. Contudo, a mídia aponta que "a opção tecnologicamente mais avançada [...] está perdida".
Choque com os EUA
A decisão reflete uma guinada pró-europeia em meio às tensões com o aliado do outro lado do Atlântico. Ao rejeitar o F-35 – símbolo da supremacia militar dos EUA –, Madri sinaliza que a soberania tecnológica é não negociável.
Em junho passado, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, entrou em conflito com o presidente americano, Donald Trump, durante a cúpula da OTAN em Haia, nos Países Baixos, onde o premiê espanhol negou o compromisso dos aliados de alocar 5% do PIB em gastos militares dentro de um período de dez anos. Trump, por sua vez, ameaçou impor tarifas ao país ibérico.