
Josep Borrell critica falta de sanções da UE contra Israel em meio a crise em Gaza

O ex-Alto Representante da União Europeia para Assuntos Externos e Política de Segurança, Josep Borrell, criticou a postura do bloco diante da atuação militar de Israel na Faixa de Gaza. Em entrevista publicada pelo portal EU Observer nesta segunda-feira (4), Borrell afirmou que a UE corre o risco de ser vista como cúmplice de crimes de guerra, ao não reagir a "um caso claro de violações massivas dos direitos humanos".
Segundo o ex-diplomata, a relutância dos países membros em impor sanções a Israel é evidente, mesmo diante de ações que, segundo ele, "superam" muitos dos crimes que o bloco já condenou em outros contextos.

Borrell também destacou que cerca de um terço das bombas utilizadas por Israel em Gaza seriam fabricadas em países europeus, o que, em sua visão, compromete ainda mais a neutralidade do bloco. "Muitos Estados-membros simplesmente não querem impor sanções a Israel", criticou.
O ex-chefe da diplomacia apontou ainda que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, teria um papel ativo no bloqueio de qualquer discussão sobre punições ao governo israelense. Segundo ele, Von der Leyen evita colocar o tema na agenda e impede que a Comissão debata o assunto abertamente.
Até o momento, apenas cerca de 20 indivíduos ligados à política de assentamentos israelenses na Cisjordânia foram alvo de sanções europeias, número considerado irrisório por Borrell.
"Sancionamos milhares na Rússia por menos", comparou.
O ex-diplomata alertou que cresce a percepção de que a falta de ação da União Europeia diante da crise em Gaza pode levar à responsabilização do bloco pelos desdobramentos do conflito. Segundo ele, ao continuar ignorando a situação humanitária na região, a UE corre o risco de ver sua reputação internacional seriamente abalada.
