A China está levando vantagem na guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos, segundo análise publicada pelo colunista Max Boot no jornal The Washington Post.
Em artigo divulgado nesta segunda-feira (4), o autor baseia sua avaliação principalmente nos dados de crescimento econômico dos dois países.
Segundo Boot, no primeiro semestre de 2025, a economia chinesa cresceu 5,3%, enquanto os Estados Unidos registraram apenas 1,25% de avanço. Ele afirma que o presidente Donald Trump não conseguiu "obter concessões significativas de Pequim" nas negociações comerciais em andamento.
"Enquanto a maioria dos países aceitou o assédio comercial dos Estados Unidos, a China não o fez", diz o texto.
O colunista avalia que Washington recuou após a China anunciar medidas retaliatórias diante da elevação das tarifas americanas sobre produtos chineses. Entre elas, a limitação das exportações de metais raros aos EUA, o que gerou riscos à produção de automóveis e aviões. Como resultado, os EUA reduziram suas tarifas para 30%, e a China baixou as suas para 10%.
Apesar de Trump apresentar os acordos atuais como uma "vitória histórica" para os EUA, o artigo afirma que se tratou apenas de uma trégua. Segundo Boot, os pontos centrais do conflito, como alegações de superprodução e roubo de propriedade intelectual por parte da China, ainda não foram solucionados.
Além disso, a recente autorização para que a Nvidia forneça microchips ao país asiático indica um recuo na postura de confronto com Pequim.
A análise também menciona que o posicionamento de Trump teria dificultado a relação com aliados da região Ásia-Pacífico. Países como o Japão classificaram os acordos com os EUA como humilhantes e inaceitáveis. Ao mesmo tempo, a imagem dos Estados Unidos piorou em diversas nações, enquanto a da China ganhou força.
O artigo ainda aponta que, ao tentar punir a Índia por sua aproximação com a Rússia, os EUA colocaram em risco anos de política externa voltada ao estreitamento das relações com Nova Délhi. Também foram observados sinais de reconciliação entre Índia e China.
A trégua atual na guerra comercial, segundo Boot, ameniza os prejuízos econômicos, mas não impede o avanço da China nem aumenta a competitividade americana.
Atualmente, os dois países mantêm um acordo provisório sobre tarifas, que expirará em 12 de agosto. Os EUA reduziram suas taxas de 145% para 30%, e a China baixou de 125% para 10%.