Diversas empresas internacionais manifestaram interesse em explorar os recursos minerais de uma jazida localizada em Poços de Caldas, Minas Gerais, que possui potencial para suprir aproximadamente 20% da demanda mundial de terras raras. As informações foram divulgadas neste domingo (3) pelo portal G1.
Mesmo em meio a crescentes tensões bilaterais, o governo norte-americano procurou autoridades brasileiras para negociar a aquisição de minerais críticos e estratégicos (MCEs) da região. De acordo com Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) citado pelo veículo, o encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, manifestou formalmente o interesse de Washington nos recursos minerais brasileiros.
É importante lembrar que, no ano passado, a pressão norte-americana para acessar livremente o mercado de "minerais críticos" do Brasil foi recebida negativamente pelo governo Lula, que busca estimular o processamento e a agregação de valor dessas commodities já domesticamente.
Um estudo da ONU Comércio e Desenvolvimento sugere que fortalecer o valor agregado de componentes de energia renovável, em nome do reforço do setor industrial e da diversificação econômica, pode impactar de maneira expressiva o papel de algumas nações na economia global.
A República Democrática do Congo, por exemplo, aumentou significativamente seus ganhos com o cobalto após implementar o processamento do mineral: o valor por quilo subiu de US$ 5,6 (na extração bruta) para US$ 16,2 (após beneficiamento), conforme dados da pesquisa.
Exploração soberana
Informações do g1 revelam que duas empresas de mineração australianas devem começar a extrair recursos na região já entre 2026 e 2027.
Além da extração, o desafio do Brasil é estruturar uma cadeia produtiva completa, como a que existe na China, que hoje domina 75% da mineração, 85% do refino e 95% da produção de ímãs de terras raras no mundo.
Para isso, foi criado em Lagoa Santa (MG) o laboratório CIT SENAI ITR, que visa desenvolver ímãs com tecnologia nacional, utilizando o próprio minério brasileiro como matéria-prima.
- Apesar do nome, as "terras raras" não são escassas. O que as torna estratégicas é a dificuldade em separá-las de outros minerais.
- As formações geológicas da caldeira mineira facilitam esse processo, pois os elementos estão concentrados em uma argila iônica a apenas 30 metros da superfície.
- Esses materiais despertam atenção especial de potências como os EUA e a China devido ao seu papel estratégico em energias limpas, tecnologia e defesa nacional.