EUA manifestam interesse em jazida de MG com 20% da demanda global de terras raras

Washington buscou autoridades brasileiras para firmar acordos e adquirir os minérios, apesar das tensões entre os governos.

Diversas empresas internacionais manifestaram interesse em explorar os recursos minerais de uma jazida localizada em Poços de Caldas, Minas Gerais, que possui potencial para suprir aproximadamente 20% da demanda mundial de terras raras. As informações foram divulgadas neste domingo (3) pelo portal G1.

Mesmo em meio a crescentes tensões bilaterais, o governo norte-americano procurou autoridades brasileiras para negociar a aquisição de minerais críticos e estratégicos (MCEs) da região. De acordo com Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) citado pelo veículo, o encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, manifestou formalmente o interesse de Washington nos recursos minerais brasileiros.

É importante lembrar que, no ano passado, a pressão norte-americana para acessar livremente o mercado de "minerais críticos" do Brasil foi recebida negativamente pelo governo Lula, que busca estimular o processamento e a agregação de valor dessas commodities já domesticamente.

Um estudo da ONU Comércio e Desenvolvimento sugere que fortalecer o valor agregado de componentes de energia renovável, em nome do reforço do setor industrial e da diversificação econômica, pode impactar de maneira expressiva o papel de algumas nações na economia global.

A República Democrática do Congo, por exemplo, aumentou significativamente seus ganhos com o cobalto após implementar o processamento do mineral: o valor por quilo subiu de US$ 5,6 (na extração bruta) para US$ 16,2 (após beneficiamento), conforme dados da pesquisa.

Exploração soberana

Informações do g1 revelam que duas empresas de mineração australianas devem começar a extrair recursos na região já entre 2026 e 2027. 

Além da extração, o desafio do Brasil é estruturar uma cadeia produtiva completa, como a que existe na China, que hoje domina 75% da mineração, 85% do refino e 95% da produção de ímãs de terras raras no mundo.

Para isso, foi criado em Lagoa Santa (MG) o laboratório CIT SENAI ITR, que visa desenvolver ímãs com tecnologia nacional, utilizando o próprio minério brasileiro como matéria-prima.