Nobel de Economia critica tarifas de Trump e destaca dependência dos EUA do suco de laranja brasileiro

Em seu artigo, Paul Krugman mencionou o aumento da popularidade de Lula após tensões comerciais com Washington.

O economista e Nobel de Economia Paul Krugman publicou nesta sexta-feira (1º) um artigo no qual volta a criticar as ações do presidente Donald Trump em relação ao Brasil. Intitulado "Trump/Brasil: Delírios de grandeza vão para o sul", o texto analisa a imposição de tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros, apontando contradições e destacando a complexidade das relações comerciais entre os dois países.

Krugman destaca que, apesar do discurso protecionista, os Estados Unidos ainda dependem fortemente do suco de laranja brasileiro, produto que foi excluído das tarifas recentes. Essa exceção sugere que as medidas adotadas podem impactar mais os consumidores americanos do que os exportadores estrangeiros.

"O governo Trump isentou o suco de laranja – 90% importado do Brasil – de sua tarifa. Aparentemente, precisamos do que o Brasil nos vende", escreveu o economista.

Na sequência, Krugman questiona a lógica do tarifaço ao lembrar que o café brasileiro não foi poupado, apesar de ser, segundo ele, um "nutriente absolutamente essencial".

Para o economista, o Brasil é o caso mais emblemático da nova postura comercial dos Estados Unidos. O país foi alvo de tarifas que chegaram a 50%, percentual muito superior ao aplicado a outros parceiros.

Mais preocupante, segundo ele, é o motivo alegado pelo governo norte-americano: uma retaliação ao processo judicial movido contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

"Não acho que nem o advogado mais ardiloso e sem escrúpulos conseguiria encontrar algo na legislação dos EUA que dê ao presidente o direito de impor tarifas a um país, não por razões econômicas, mas porque ele não gosta do que o Judiciário desse país está fazendo", criticou.

Krugman também aponta que, segundo pesquisas, a popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva tem aumentado desde que Washington passou a interferir de forma direta na autonomia e na soberania do Brasil.

Ao comentar a reação da população brasileira às medidas impostas por Washington, ele lança um questionamento direto ao presidente norte-americano: "Trump e seus assessores realmente acham que podem usar tarifas para intimidar uma nação de mais de 200 milhões de pessoas?", conclui.

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