Haddad nega que tarifas de Trump farão país 'cair no colo' da China: 'o Brasil é grande demais'

Ministro diz que Brasil busca parceria com os Estados Unidos, defende maior presença americana em licitações e anuncia medidas para proteger indústria e agro após novas tarifas.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda do Brasil, rejeitou nesta sexta-feira (1) a ideia de que o destino do país esteja subordinado aos interesses das grandes potências, em aparente alusão àqueles que sugerem que as tarifas de Trump criariam uma situação de dependência de Brasília com Pequim.

"É sobre isso que temos que jogar luz. Mostrar pra eles [EUA] que não tem essa do Brasil cair no colo de A, B ou C. O Brasil é grande demais", afirmou o ministro, ressaltando a importância de uma diplomacia independente.

Nesse contexto, destacou que o governo Lula está disposto a aprofundar os laços comerciais com os Estados Unidos. Ele ressaltou que há áreas de concorrência direta com os norte-americanos, como grãos e carnes, mas também "muitas complementaridades. (...) Podemos estreitar laços de cooperação, desde que seja bom para os dois lados".

Haddad reforçou que o governo brasileiro quer envolver mais os EUA no desenvolvimento da infraestrutura nacional:

"Eles têm participado pouco de licitações no Brasil. Nossa infraestrutura está crescendo como há muito tempo não se vê. É isso que está segurando emprego e renda. Então por que eles não podem participar mais da nossa economia? Estamos abertos", disse o ministro da Fazenda.

Socorro para setores afetados

Fernando Haddad também anunciou que o governo está finalizando um plano de contingência voltado para empresas atingidas pelas novas barreiras comerciais. A proposta está sendo conduzida junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e deve ser apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias.

"A partir da semana que vem, já vamos poder, a julgar pela decisão do presidente, tomar as medidas de proteção da indústria e da agricultura nacionais", explicou Haddad.

A equipe econômica ainda calcula o volume de recursos que poderá ser direcionado ao socorro, em articulação com sindicatos, setor produtivo e a Casa Civil. Parte das empresas, afirmou o ministro, poderá se ajustar ao novo cenário sem ajuda direta, com foco no mercado interno ou na diversificação de exportações.

"A demanda por produtos alimentares está crescendo no Brasil, a renda está crescendo no Brasil, o desemprego está na mínima histórica. Então, você tem aqui no mercado doméstico uma opção".

Questionado sobre a origem dos recursos para financiar o pacote, Haddad descartou a necessidade de recorrer a créditos fora da meta fiscal:

"Entendemos que conseguimos operar dentro do marco fiscal sem nenhum tipo de alteração", disse o ministro.

ENTENDA O AUMENTO DAS TENSÕES COMERCIAIS ENTRE BRASIL E EUA EM NOSSO ARTIGO.