
Mídia chinesa explica o que está por trás do desejo de três países do G7 de reconhecer a Palestina

O fato de três países do G7 e da OTAN terem anunciado sua intenção de reconhecer o Estado da Palestina, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas no próximo mês de setembro, não representa apenas uma mudança na postura diplomática global, mas também um "despertar político nascido do conflito, da fome e da comoção moral", segundo reportou o jornal chinês Global Times na quinta-feira (31).

Segundo o veículo, o agravamento da catástrofe humanitária em Gaza ampliou significativamente os apelos internacionais por uma solução de dois Estados. Ficou claro que continuar a consentir com a ocupação israelense da Faixa de Gaza é "uma negação do direito internacional" e um "desafio à consciência mundial", argumenta o editorial.
"Opção viável"
O jornal também argumenta que a natureza prolongada e destrutiva do conflito "levou a comunidade internacional a perceber que a solução de dois Estados, embora não seja perfeita, é a única opção viável".
Na última semana, o presidente francês Emmanuel Macron afirmou que reconhecerá a Palestina como um Estado, como parte de seu "compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Oriente Médio". Sua decisão foi fortemente contestada pelos Estados Unidos e por Israel, que afirmaram que isso apenas fortaleceria o Hamas.
Em seguida, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declarou na terça-feira (29) que o Reino Unido também reconhecerá o Estado palestino, a menos que Israel concorde com um cessar-fogo em Gaza. Ele denunciou ainda o "fracasso catastrófico da ajuda humanitária" no enclave palestino e disse que o sofrimento "precisa acabar". O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, também anunciou que seu país fará o mesmo, após discutir a situação na Faixa de Gaza com Starmer. "O nível de sofrimento humano em Gaza é intolerável", denunciou.
- Na semana passada, organizações humanitárias e agências de notícias internacionais alertaram que a situação no enclave palestino é grave, a ponto de seus próprios funcionários na área estarem à beira da inanição.
- A ONU alertou que os 2,1 milhões de habitantes do território sofrem de insegurança alimentar. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, cerca de 900 mil crianças sofrem de fome e outras 70 mil apresentam sintomas de desnutrição, além de quase mil mortos pelo exército israelense enquanto tentavam obter alimentos.

