
Rússia propôs a Kiev criar grupos de trabalho e está aguardando resposta, diz Lavrov

Moscou aguarda que Kiev responda à proposta russa de criar vários grupos de trabalho, declarou nesta sexta-feira (1º) o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
"Além de importantes acordos humanitários, propusemos a criação de grupos de trabalho sobre questões políticas e militares, o que seria um passo significativo para alcançar acordos duradouros", disse o chanceler russo em coletiva de imprensa.

"Esperamos uma reação concreta de Kiev. Por enquanto, em vez disso, há declarações mutuamente excludentes de [Vladimir] Zelensky: ou um cessar-fogo imediato novamente sem condições prévias (com um apelo direto ao Ocidente para usar o cessar-fogo para voltar a enviar armas à Ucrânia), ou substituir o formato das negociações de Istambul por um encontro pessoal com [Vladimir] Putin, ou uma exigência para que o Ocidente promova uma 'mudança na liderança russa'", declarou Lavrov.
Portanto, resumiu, "todos aqueles que se importam com o progresso de um acordo deveriam prestar atenção a esse evidente delírio".
"Enquanto isso, o progresso se observa principalmente no fato de que nossos colegas norte-americanos, ao contrário dos europeus, presos em sua russofobia agressiva, têm consciência da realidade atual e tentam levar em consideração as causas profundas da crise sobre as quais Putin já falou em detalhes por várias vezes, incluindo a necessidade de respeitar a vontade dos habitantes da Crimeia, Donbass e Novorossia em resposta ao golpe de Estado de 2014, cujos líderes os declararam 'sub-humanos' e 'terroristas'", continuou Lavrov.
Segundo destacou o chanceler russo, enquanto os europeus "exigem de forma histérica que a Ucrânia seja arrastada para a OTAN e preparada para a guerra contra a Rússia", o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, mostrou recentemente "uma postura responsável", deixando claro que nunca deve haver um confronto militar direto entre Estados Unidos e Rússia. "Concordamos totalmente com isso. E isso também é resultado do entendimento mútuo alcançado durante o diálogo entre Moscou e Washington", acrescentou.
"Garantir a segurança pan-europeia"
"Para avançar na eliminação definitiva das causas profundas da crise, é necessário esclarecer a posição de todos os patrocinadores de Kiev em relação às ações do regime ucraniano, que visa aniquilar por vias legais ou pela força tudo o que é russo: a língua, a educação, a cultura, a história, a memória, e até mesmo proibir a ortodoxia canônica. Não existe outro país no mundo, exceto a Ucrânia, onde qualquer idioma que seja tenha sido oficialmente proibido", denunciou o ministro.
"Estamos convencidos de que os Estados Unidos, ao contrário de muitos hipócritas da União Europeia, têm interesse genuíno em garantir os direitos humanos e os direitos das minorias nacionais, e poderiam oferecer uma avaliação objetiva dessa situação", disse Lavrov, chamando essa possibilidade de "um passo importante rumo a um progresso substancial".
No mesmo contexto, Lavrov considerou "animadora" a disposição dos colegas em Washington de "continuar um diálogo honesto e respeitoso levando em conta a importância de integrar uma fórmula para uma solução sustentável da situação na Ucrânia dentro do contexto de garantir a segurança pan-europeia baseada no equilíbrio dos interesses legítimos de todos os Estados envolvidos".
"Vladimir Putin também reiterou nossa disposição para esse diálogo ao longo da conversa com jornalistas em Valaam em 1º de agosto", concluiu.

