Notícias

Brasil deve ser chamado para negociar tarifaço com governo Trump - Estadão

Governo Trump condiciona revisão de tarifas a medidas contra Moraes, enquanto prioriza acordos com outros países.
Brasil deve ser chamado para negociar tarifaço com governo Trump - EstadãoGettyimages.ru / Andrew Harnik

Empresários dos Estados Unidos disseram a interlocutores brasileiros que o governo Trump deverá chamar o Brasil para negociar as tarifas impostas recentemente. Segundo relatos, o país ficou em segundo plano porque a Casa Branca tem priorizado negociações com países com os quais os EUA acumulam déficit comercial, ou seja, compram mais do que vendem.

A estratégia teria sido informada por secretários e assessores do governo norte-americano para representantes do setor empresarial, conforme apurou o Estadão. No caso brasileiro, os Estados Unidos registraram superávit de US$ 253 milhões em 2024, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Seguindo esses critérios, países como os da União Europeia, Japão e Indonésia, que representam déficits para os EUA, foram priorizados. Ainda assim, fontes apontam que há um componente político relevante na relação com o Brasil, que não pode ser ignorado.

Anteriormente, o presidente dos EUA, Donald Trump, publicou uma ordem executiva afirmando que o Brasil vive uma "emergência nacional" e condicionou a retirada das tarifas de 50% das ações do governo brasileiro contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Trump acusou Moraes de "abuso de autoridade judicial" e causou uma "perseguição política" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A decisão ocorre após o Brasil ter sido um dos países mais afetados pelas tarifas americanas desde abril, com exceção da China. Segundo o governo brasileiro, as medidas comerciais dos EUA foram tomadas unilateralmente, sem discussão bilateral, o que preocupa a diplomacia nacional.

A publicação de uma lista com quase 700 itens isentos das tarifas, na última quarta-feira (30), foi recebida com alívio em Brasília, conforme apuração do jornal, embora as autoridades ainda avaliassem com cautela os sinais vindos da Casa Branca. O governo brasileiro considerou que as propostas deveriam ser negociadas em um segundo momento, após o debate sobre a tarifa geral.

Entenda o aumento das tensões comerciais entre Brasil e EUA em nosso artigo.