Com o anúncio recente do presidente da França, Emmanuel Macron, de que reconhecerá formalmente o Estado palestino em setembro, sobe para 148 o número de países que já tomaram essa decisão, entre os 193 membros da ONU.
A medida francesa — criticada por Estados Unidos e Israel — tornará o país o primeiro do G7 a reconhecer oficialmente a Palestina. No entanto, pode não ser o único: um dia antes do anúncio de Macron, o premiê britânico, Keir Starmer, afirmou que o Reino Unido também reconhecerá o Estado palestino em setembro, caso Israel não aceite um cessar-fogo em Gaza, e na quarta-feira (30) o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, anunciou que também fará o reconhecimento em setembro.
O reconhecimento implica aceitar a soberania e a independência palestinas nas fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, em 1967, que incluem Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, além do estabelecimento de relações diplomáticas plenas com o Estado palestino.
Menos da metade dos países da União Europeia reconhece a Palestina
Dos 27 membros da União Europeia, apenas dez já reconheceram o Estado palestino. Bulgária, Chipre, Hungria, Polônia e Romênia o fizeram ainda em 1988, enquanto a Eslováquia adotou a medida em 1993 — todos antes de ingressarem na UE.
A Suécia foi o primeiro país a fazer o reconhecimento já como membro da União, em 2014. Mais recentemente, em maio de 2024, Espanha e Irlanda também oficializaram o reconhecimento, seguidas pelaEslovênia.
Proclamação da Palestina como Estado ocorreu em 1988
Em 15 de novembro de 1988, Yasser Arafat, então líder da Organização para a Libertação da Palestina, proclamou a criação do Estado palestino com Jerusalém como capital. A decisão foi endossada por mais de 80 países, especialmente do Sul Global, como nações africanas, latino-americanas e árabes.
Entre os países que reconhecem a Palestina estão Iêmen, Turquia, Tunísia, Somália, Marrocos, Mauritânia, Malásia, Líbia, Iraque, Indonésia, Bahrein, Argélia, Zâmbia, Emirados Árabes Unidos, Sérvia, Arábia Saudita, Catar, Paquistão, Nicarágua, Madagascar, Jordânia, Cuba, Bangladesh, Afeganistão, Sudão, Maurício, Djibuti, Brunei, Albânia, Sri Lanka, Seicheles, Nigéria, Índia, Gâmbia, Egito, Vietnã, Ucrânia e Rússia.
Também reconheceram o Estado palestino Namíbia, Belarus, China, Mali, Guiné-Bissau, Guiné, Comores, Camboja, Burkina Faso, Senegal, Mongólia, Tanzânia, Níger, Coreia do Norte, Cabo Verde, Maldivas, Zimbábue, Togo, Gana, Chade, Laos, Uganda, Serra Leoa, Congo, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Gabão, Omã, República Democrática do Congo, Nepal, Botsuana, Burundi, República Centro-Africana e Butão.
Reconhecimentos se intensificaram a partir da década de 1990
Entre o fim dos anos 1980 e o início dos anos 1990, cerca de 20 países passaram a reconhecer a Palestina. Outros 12 aderiram entre 2000 e 2010. Em setembro de 1993, as primeiras negociações diretas entre Israel e Palestina resultaram nos Acordos de Oslo, que previam a criação de um Estado palestino ao lado de Israel — o que não se concretizou.
Em 1989, Ruanda, Etiópia, Quênia, Guiné Equatorial, Benin, Vanuatu e Filipinas anunciaram o reconhecimento. Em 1991, foi a vez da Suazilândia. Já em 1992, Cazaquistão, Azerbaijão, Turcomenistão, Geórgia e Bósnia e Herzegovina se somaram, seguidos por Uzbequistão e Tajiquistão, em 1994. Papua-Nova Guiné, África do Sul e Quirguistão adotaram a medida em 1995. O Malaui foi o último país a fazê-lo no século 20, em 1998.
Reconhecimento cresceu na América Latina nos anos 2010
Timor Leste reconheceu a Palestina em 2004, seguido por Montenegro, em 2006. Em 2008, Costa Rica, Líbano e Costa do Marfim aderiram. Venezuela e República Dominicana fizeram o mesmo em 2009.
A partir de 2010, o número de países latino-americanos que reconheceram o Estado palestino aumentou. Argentina, Bolívia e Equador anunciaram a decisão em dezembro daquele ano. Em 2011, seguiram-se Chile, Guiana, Peru, Suriname, Paraguai, Uruguai, Honduras, El Salvador, Belize e Brasil.
No mesmo ano, também reconheceram a Palestina Lesoto, Libéria, Sudão do Sul, Síria, São Vicente e Granadinas, Dominica, Antígua e Barbuda, Granada e Islândia. A Tailândia aderiu em 2012, e Guatemala e Haiti, em 2013.
Em 2014, foi a vez da Suécia, e em 2015, da Santa Sé — governo da Cidade do Vaticano, que tem status de observador na ONU — e de Santa Lúcia. A Colômbia reconheceu o Estado palestino em 2018, seguida por São Cristóvão e Nevis, em 2019.
Guerra em Gaza impulsiona novos reconhecimentos
Com a ofensiva israelense contra Gaza, iniciada em outubro de 2023 após a operação do Hamas, diversos países formalizaram o reconhecimento da Palestina como forma de demonstrar apoio, entre eles Armênia, Noruega, Bahamas, Trinidad e Tobago, Jamaica e Barbados, em 2024.
No início deste ano, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou que o país apoia o reconhecimento dos Estados palestino e israelense, e defendeu "construir uma saída pacífica" para o conflito. Ela também recebeu a embaixadora palestina, Nadya Rasheed, em sinal de aproximação diplomática.