
Trump ameaça Rússia com novas sanções, mas admite que elas podem 'não afetar' Moscou

Ao anunciar um novo ultimato contra a Rússia nesta terça-feira (29), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou não saber se a imposição de novas sanções, com alcance de 100%, terá impacto sobre o país.
''E aí vocês sabem, nós vamos colocar tarifas e tal, mas eu não sei se vão afetar a Rússia. (...) Mas vamos colocar tarifas e várias outras coisas que você pode colocar. Pode ou não pode afetá-los, mas poderia'', afirmou o presidente, a bordo do avião presidencial Air Force One.
Trump também voltou a criticar o presidente Vladimir Putin, acusando-o de não facilitar avanços nas negociações sobre o conflito. Em uma aparente alusão ao seu homólogo russo, afirmou que ele ''provavelmente obviamente quer continuar com a guerra''.
Resiliência russa
Embora países ocidentais tenham imposto inúmeros pacotes de sanções contra a Rússia desde a reunificação da Crimeia, em 2014, e intensificado as medidas com o início da Operação Militar Especial, em 2022, a economia russa continua em expansão.

Apesar das medidas, o próprio governo norte-americano manteve as importações de produtos russos. Em 2024, os Estados Unidos compraram mais de US$ 3 bilhões em mercadorias da Rússia, o que indica a persistência dos fluxos comerciais, mesmo diante das barreiras impostas.
Ao mesmo tempo, a Rússia tem ampliado o uso do rublo em suas transações internacionais, fortalecendo sua autonomia econômica.
A participação da moeda russa nos pagamentos por exportações superou 50% em todas as regiões geográficas do comércio exterior. Em abril, o rublo representou 52% dessas transações; em maio, a fatia subiu para 52,4%.
Os dados indicam a crescente autonomia da Rússia frente ao sistema financeiro controlado pelo Ocidente e mostram a eficácia da estratégia de adaptação do país diante das sanções internacionais.
BRICS e fertilizantes
Outro exemplo do redirecionamento comercial russo é o setor de fertilizantes. Até 2022, cerca de 28% das exportações do produto iam para a União Europeia. Com a escalada do conflito na Ucrânia e as sanções subsequentes, Moscou passou a priorizar os países do BRICS e nações africanas.
"As exportações de fertilizantes da Rússia para os países do BRICS cresceram mais de 60% nos últimos três anos", disse Andrey Guryev, presidente da Associação Russa de Produtores de Fertilizantes (RAFP).
"O BRICS responde por metade das exportações, e a maior parte, quase um quarto, vai para o Brasil", acrescentou.
Brasil e diesel
Durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Rússia se firmou como principal fornecedora de diesel ao Brasil. Entre janeiro de 2023 e junho de 2025, o país importou US$ 12,4 bilhões do combustível russo, mais que o dobro do volume comprado dos Estados Unidos, que somou US$ 5 bilhões no mesmo período.
O avanço russo no setor de combustíveis no Brasil é atribuído, sobretudo, aos preços mais baixos oferecidos por Moscou. Mesmo com as sanções impostas pelo Ocidente desde 2022, a Rússia mantém presença relevante no mercado global de energia, atraindo compradores interessados em custo-benefício e estabilidade no fornecimento.
- O PIB da Rússia teve um crescimento de 4,1% em 2024, com destaque para o setor industrial, que cresceu 4,6% no ano, superando as projeções e fortalecendo a economia.
- Os dados de 2023 também foram revisados para cima, com crescimento de 4,1%, ante os 3,6% calculados inicialmente.
- Com isso, a economia da Rússia mantém trajetória de expansão desde 2023, refletindo uma recuperação consistente e o fortalecimento contínuo do setor produtivo.

