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Carla Zambelli é presa na Itália

A localização da deputada brasileira foi revelada à polícia por um parlamentar italiano.
Carla Zambelli é presa na ItáliaLula Marques/Agência Brasil

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (29) na Itália, dois meses após sair do Brasil. As informações foram confirmadas pelo Ministério da Justiça.

A detenção ocorreu após a inclusão do seu nome na lista vermelha da Interpol, que permite a prisão de procurados em 196 países.

A localização da deputada em território italiano foi revelada com a ajuda de Angelo Bonelli, membro da Câmara dos Deputados da Itália. 

"Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Forneci o endereço à polícia. Neste momento, a polícia está identificando Zambelli", publicou Bonelli em sua conta no X.

Essa não foi a primeira vez que o deputado italiano se manifestou sobre o caso. Anteriormente, Bonelli já havia declarado que a Itália não deveria se tornar "um refúgio político" e que a situação  representava um risco  para o país europeu. 

Versão de Zambelli

Antes de ter sua prisão divulgada, Carla Zambelli publicou um vídeo anunciando que se entregaria à polícia da Itália. "Eu vou me apresentar às autoridades italianas, e estou muito seguro de fazê-lo. Porque aqui nós temos ainda justiça e democracia", alegou, justificando que sua decisão se deve à presença de uma "autoridade ditatorial" no Brasil, em referência aos ministros do Supremo Tribunal Federal.

A deputada se mostrou confiante em mostrar sua inocência, reiterando não ter ordenado a invasão ao CNJ.

Ela também comentou sobre suas declarações anteriores, entre elas a de que seria "intocável" na Itália por possuir cidadania italiana. "Quando eu disse que era intocável, era porque eu sei que só Deus pode me tocar", afirmou. 

Ordem de prisão

A ordem de prisão foi emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o relatório do parlamentar a dez anos de prisão por falsidade ideológica e invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A inclusão no sistema internacional de buscas foi determinada com base na avaliação de que Zambelli teria buscado escapar da aplicação da pena.

"No caso de Carla Zambelli Salgado de Oliveira é inequívoca a natureza da alegada viagem à Europa, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal", afirmou Moraes ao justificar a decisão.

Fuga internacional

Zambelli deixou o Brasil em 25 de maio por Foz do Iguaçu, no Paraná, cruzando a fronteira com a Argentina. De lá, embarcou para os Estados Unidos e, posteriormente, seguiu para a Itália.

Em entrevistas, alegou ter viajado por motivos de saúde e também por possuir cidadania italiana, afirmando que lá seria "intocável" diante da Justiça brasileira.

Com a prisão em território estrangeiro, o caso agora será analisado pela Câmara dos Deputados, que pode confirmar ou revogar a detenção da parlamentar. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), já informou que o trâmite será conduzido conforme o regimento interno. "Nós vamos notificar para que ela possa se defender e a palavra final será do plenário", afirmou.

Condenação

A parlamentar foi condenada pela Primeira Turma do STF em maio deste ano por envolvimento na inserção de documentos falsos no sistema do CNJ. Entre os arquivos forjados estavam um mandado de prisão e uma falsa ordem de quebra de sigilo bancário contra o ministro Moraes. O hacker Walter Delgatti, que participou da operação, também foi condenado a oito anos e três meses de prisão.

Em 6 de junho, o STF rejeitou os últimos recursos da defesa e declarou o trânsito em julgado da sentença, encerrando as possibilidades de reversão da pena.

Além da pena já aplicada, Zambelli responde a outra ação penal no STF, por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. No julgamento iniciado em março, a maioria dos ministros já se manifestou pela condenação, com pena de cinco anos e três meses e a cassação de seu mandato. A conclusão foi adiada após pedido de vista do ministro Nunes Marques.