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'Tomavam urina com café e açúcar': brasileiros relatam condições extremas no front ucraniano

Famílias denunciam que combatentes estrangeiros estão sendo enviados feridos para o front, sem assistência médica, comida ou água, e expostos a situações de abandono total.
'Tomavam urina com café e açúcar': brasileiros relatam condições extremas no front ucranianoGettyimages.ru / Pablo Miranzo/Anadolu

Combatentes estrangeiros enviados ao front ucraniano enfrentam condições extremas de sobrevivência, incluindo a ingestão de urina misturada com café e açúcar por falta de água.

A denúncia foi feita por Gustavo Alves Ferreira, irmão do brasileiro Gabriel Pereira, morto após quatro meses servindo ao lado do regime de Kiev.

As dificuldades incluem ferimentos sem atendimento médico, fome, sede e abandono total em zonas de combate. Segundo Gustavo, Gabriel foi forçado a permanecer em posição de combate mesmo com o braço quebrado.

"Ele estava com o braço quebrado [...] Foi obrigado a permanecer na posição ferido. [...] Tem prova disso, tem vídeo", relata Gustavo, em entrevista exclusiva à RT Brasil.

Segundo ele, a situação de abandono se agravou nos dias finais. Gabriel estava na região de Izium, zona de combate intenso, e foi enviado com apenas dois outros combatentes para segurar posição contra avanço russo.

"Eles foram encontrados mortos. Não se sabe se foi por tiro, bomba ou até por desidratação. Estavam tomando urina com café e açúcar para se manter vivos. Não chegava mais suprimento", afirma. Mesmo sem condições de continuar, Gabriel não foi retirado da linha de frente.

Gustavo conta que a família recebeu a notícia da morte através de um companheiro de Gabriel, já que o governo ucraniano não reconheceu oficialmente o óbito.

A família acredita que o corpo de Gabriel tenha sido enterrado por companheiros de batalhão, uma prática comum entre os combatentes estrangeiros quando não há suporte logístico nem presença de equipes médicas.

Segundo Gustavo, o próprio irmão já havia relatado que, em situações semelhantes, os colegas faziam sepultamentos improvisados no campo de batalha. 

"Provavelmente está lá, enterrado por colegas, sem identificação. Se os documentos estiverem em área bombardeada, é perda total", lamenta.

O caso de Gabriel tem sido compartilhado em grupos formados por famílias de combatentes brasileiros. Em comum, os relatos denunciam o mesmo padrão: jovens enviados ao front sem apoio, orientação ou segurança, e expostos a condições extremas.