Mais de mil rabinos denunciam Israel por usar fome como arma de guerra

Os religiosos também exigiram um cessar-fogo alertando para "grave crise moral" vivida pelo povo judeu.

Mais de mil rabinos de diferentes países assinaram uma carta pedindo que Israel interrompa o uso da fome como instrumento de guerra. O documento, divulgado nesta sexta-feira (25), também cobra o resgate dos reféns e o fim dos combates na Faixa de Gaza, segundo o Times of Israel.

Os signatários afirmam que o povo judeu enfrenta uma "grave crise moral" e dizem não poder tolerar a morte em massa de civis, entre eles um número elevado de mulheres, crianças e idosos, nem o uso da fome como tática militar.

Situação crítica em Gaza

Agências internacionais e organizações humanitárias alertaram na semana passada que a situação em Gaza é desesperadora. De acordo com o Programa Mundial de Alimentos da ONU, um terço dos 2,1 milhões de habitantes da região "não come há dias".

Quase meio milhão de pessoas pessoas vivem em condições próximas à fome extrema, e outras 90 mil, entre mulheres e crianças, necessitam de atendimento imediato.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou a crise em Gaza como um "desafio moral" à consciência global. "As crianças dizem que querem ir para o céu porque, lá, pelo menos tem comida", afirmou.

"Cortina de fumaça"

Diante da pressão internacional, Israel anunciou no domingo medidas para ampliar o envio de ajuda: lançamentos aéreos, abertura de novos corredores humanitários e pausas de 10 horas em áreas específicas de combate.

O comissário da ONU para os refugiados palestinos, Philippe Lazzarini, denunciou a existência de uma "fome em massa, deliberada e artificial" em Gaza. "Hoje, mais crianças morreram, com os corpos devastados pela fome", escreveu ele no X (ex-Twitter).

Segundo Lazzarini, os lançamentos aéreos são caros, pouco eficazes e funcionam apenas como "cortina de fumaça".